SONETO DOS RESTOS MEUS

SONETO DOS RESTOS MEUS

SONETO DOS RESTOS MEUS

Dos afetos
Dos aflitos
Afeta-me
Em conflitos

Em mim
Restam
Os resquícios
Do que fui

Outrora… Agora,
Na Flora Do tempo,
Carece o momento

A pergunta tardia
Que do peito irradia:
— Ainda há tempo?

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto de imustbedead no Pexels)
ATÉ QUANDO

ATÉ QUANDO

ATÉ QUANDO

 

E na penumbra dos silêncios, o medo reina…
Seus olhos vermelhos de frente a um espelho,
Em carreiras alvas de delírios… Queima!
A alma presa a um corpo insano…

 

Em sua mente personagens turvos destorcidos,
Nenhuma alegria a ela é permitida,
Apenas solidão, e a ânsia de partida;
Seus pensamentos buscam tempos de saudade.

 

Mas, como sentir falta do que nunca existiu?
Dos seus olhos lôbregos uma lágrima;
Sanguínea, a lágrima de dor;
A cor do estigma sagrado.

 

“– Oh anjo dos meus cândidos sonhos,
Beije-me e molhe meus lábios secos…
Secos de amor, secos de calor, secos de vida.
Beije-me e reviva-me com teu amor…”

 

De instante, os vidros explodem em mosaicos,
E a luz toma tudo consumindo a penumbra;
E a menina cativa é liberta, com suas asas de vidro.

 

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Scarlett Zeledon no Pexels)
ZÉJEL N°05 (LUCINA)

ZÉJEL N°05 (LUCINA)

ZÉJEL N°05 (LUCINA)

 

Sou a amante de Macário,
O anjo lascivo de negro sudário,
Com o seio desnudo, um tecido macaio;
O corpo fremente,

 

E a carne bem quente,
Minh’alma cativa, lugente,
Um desejo em meu peito latente;
Em meus lábios o sabor de menina;

 

Apenas Lucina…
Sobre meu templo frio que ilumina,
Poetas e poetisas a sua verdadeira sina;
Lúbrica a esperar-lhes, na sede de um querer.

 

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Cottonbro Studio no Pexels)
ZÉJEL N°03 (A VIRGEM DA NOITE)

ZÉJEL N°03 (A VIRGEM DA NOITE)

ZÉJEL N°03 (A VIRGEM DA NOITE)

Vens nos meus sonhos com teu alvo sudário sem cor,
Tens o dom dos anjos, balsamo empírico de flor,
Vens à noite rósea clara, d’esperança que eu morra de amor,
Faz do céu tua morada e das estrelas tua escada;

Desces a mim, e faz do mar tua estrada,
E em meu peito, cravas o medo em forma de espada,
Sorri, teu sudário pira sobre a desnuda espádua,
E sangrando, nas brumas pranteio;

Peço-te misericordiosamente esteio,
E tu, contrita, afaga-me dentre formosos seios,
E minh’alma orvalha d’esperança, no anseio.
De que a morte venha, e eu desperte deste inefável devaneio.

(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)

 

(Foto de Carolina Basi no Pexels)
ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

 

Pássaro mulher, suas véstias de linho,
Boca cândida, doce fruto, ardente vinho;
Sua espádua é sol dos montes, meu ninho;
Amanheces em minh’alma com ternura,

 

Com a esperança de doce ventura…
Em trevas, os pomos transluzem a clausura,
Duas luas aureoladas por róseas flores, tortura!
Intangível, como tocar-te místico pássaro ou miragem?

 

Em meu sono profundo faz passagem,
Ver tão límpida a voar, vagando, mera paisagem;
Sorrindo a cantar e o meu peito a calar, a mensagem
Voa, e o anjo se vai; castigo por amar, partirei sozinho…

 

(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)

 

(Foto de Masha Raymers no Pexels)
QUIMERA

QUIMERA

QUIMERA
 
Não era a face da aurora
Perdida no espaço tempo
dos teus olhos
 
Talvez o reflexo luminoso
Da tua alma refrescasse
Meus versos vencidos no silêncio
 
A dor, que tira o sono
E adormece os feridos
No último suspiro… O silêncio!
 
Ainda suspeito das memórias vãs
Que de infante cria na esperança
De novos dias afetuosos
 
Que inda tormenta o vazio da noite
Não, não era a face da aurora
Perdida no espaço tempo…
 
Era um sorriso desesperado ante ao fim!
Era como um sonho desperto!
Que sonho seria despertar… No fim!
 
Aí de mim! Ai de mim!
Que está cura amargurada
Vesana arraigada… chegue enfim!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Matheus Bertelli no Pexels)
DA MORTE

DA MORTE

DA MORTE
 
Da morte o beijo suave
Um sopro sereno
Um canto sussurrado
 
Da paz que transgride os ossos
O perfume das rosas
A festa dos vermes
 
A terra que se alimenta
A vida que brota
Do solo que sou
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Mikhail Nilov no Pexels)
SONETO DA PRINCESA DO AÇOITE

SONETO DA PRINCESA DO AÇOITE

SONETO DA PRINCESA DO AÇOITE
 
Eu viajo por entre as brumas,
E canto por entre as urnas;
Sou a observadora da noite,
A princesa de todos os açoites.
 
Eu vago, sou a erradia noturna,
A vadia dos meus artistas;
Faço meus templos em suas tumbas;
Amo, todos os tostes a minha vista.
 
Sobrevoo todos os sonhos,
Possuindo-os tão risonhos.
Eu sorrio aos escolhidos,
 
Trago-lhes meu afago,
Dou magia ao pobre mago;
E encaminho os tão sofridos.
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2005)
 
 
(Foto de Becerra Govea no Pexels)

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