URGE

Urge em mim
O Desejo
Quão ruge
A memória

Do beijo
Do afago
Ao despejo
da história

Quão rude
seria recalcar
toda a gloria
dos segundos eternos

Urge enfim
O medo do fim
O silêncio imerso
Perverso imenso

A pressa sem rumo
apreço profundo
Na esquina de mim
com verso contido

– Conversa comigo?
– Escuta?

O grito esquecido
de quem se perdeu
Será que esqueceu?
Será que sou Eu?

Será que será?
Será que serei?
A face é a mesma
O canto, talvez…

Lembra tu
da primeira vez?
Lembra o caminho
dos olhos dela?

A capela,
o pássaro semeia
canoras histórias,
sem começo, sem fim.

Urge em mim tanger
o que outrora soube,
Que o mundo
é caminho

e o rumo se faz
Quando o pranto
acorda num cordel
urgente!

E de repente,
O repente versado
ali não mais coube!
– A sessão acabou.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto de Ivan Samkov no Pexels)