URGE

URGE

URGE

Urge em mim
O Desejo
Quão ruge
A memória

Do beijo
Do afago
Ao despejo
da história

Quão rude
seria recalcar
toda a gloria
dos segundos eternos

Urge enfim
O medo do fim
O silêncio imerso
Perverso imenso

A pressa sem rumo
apreço profundo
Na esquina de mim
com verso contido

– Conversa comigo?
– Escuta?

O grito esquecido
de quem se perdeu
Será que esqueceu?
Será que sou Eu?

Será que será?
Será que serei?
A face é a mesma
O canto, talvez…

Lembra tu
da primeira vez?
Lembra o caminho
dos olhos dela?

A capela,
o pássaro semeia
canoras histórias,
sem começo, sem fim.

Urge em mim tanger
o que outrora soube,
Que o mundo
é caminho

e o rumo se faz
Quando o pranto
acorda num cordel
urgente!

E de repente,
O repente versado
ali não mais coube!
– A sessão acabou.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto de Ivan Samkov no Pexels)
INTENSA

INTENSA

INTENSA

Constelações corpóreas,
Olhos ensolarados,
No frio da capital és chama!
Ela sorri e assim entendi,

Além das tuas 3 Marias,
Além da pele enluarada,
Na curva concava do teu riso,
Incidem 3 pontinhos…

Reticências de Ser Verso!
Universo que une lábios!
Navego em zefir sereno,
Ébrio com o néctar do teu veneno.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto de KoolShooters no Pexels)
SONETO DOS RESTOS MEUS

SONETO DOS RESTOS MEUS

SONETO DOS RESTOS MEUS

Dos afetos
Dos aflitos
Afeta-me
Em conflitos

Em mim
Restam
Os resquícios
Do que fui

Outrora… Agora,
Na Flora Do tempo,
Carece o momento

A pergunta tardia
Que do peito irradia:
— Ainda há tempo?

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto de imustbedead no Pexels)
ATÉ QUANDO

ATÉ QUANDO

ATÉ QUANDO

 

E na penumbra dos silêncios, o medo reina…
Seus olhos vermelhos de frente a um espelho,
Em carreiras alvas de delírios… Queima!
A alma presa a um corpo insano…

 

Em sua mente personagens turvos destorcidos,
Nenhuma alegria a ela é permitida,
Apenas solidão, e a ânsia de partida;
Seus pensamentos buscam tempos de saudade.

 

Mas, como sentir falta do que nunca existiu?
Dos seus olhos lôbregos uma lágrima;
Sanguínea, a lágrima de dor;
A cor do estigma sagrado.

 

“– Oh anjo dos meus cândidos sonhos,
Beije-me e molhe meus lábios secos…
Secos de amor, secos de calor, secos de vida.
Beije-me e reviva-me com teu amor…”

 

De instante, os vidros explodem em mosaicos,
E a luz toma tudo consumindo a penumbra;
E a menina cativa é liberta, com suas asas de vidro.

 

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Scarlett Zeledon no Pexels)
ZÉJEL N°05 (LUCINA)

ZÉJEL N°05 (LUCINA)

ZÉJEL N°05 (LUCINA)

 

Sou a amante de Macário,
O anjo lascivo de negro sudário,
Com o seio desnudo, um tecido macaio;
O corpo fremente,

 

E a carne bem quente,
Minh’alma cativa, lugente,
Um desejo em meu peito latente;
Em meus lábios o sabor de menina;

 

Apenas Lucina…
Sobre meu templo frio que ilumina,
Poetas e poetisas a sua verdadeira sina;
Lúbrica a esperar-lhes, na sede de um querer.

 

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Cottonbro Studio no Pexels)
ZÉJEL N°3 (A VIRGEM DA NOITE)

ZÉJEL N°3 (A VIRGEM DA NOITE)

ZÉJEL N°3 (A VIRGEM DA NOITE)

 

Vens nos meus sonhos com teu alvo sudário sem cor,
Tens o dom dos anjos, balsamo empírico de flor,
Vens à noite rósea clara, d’esperança que eu morra de amor,
Faz do céu tua morada e das estrelas tua escada;

 

Desces a mim, e faz do mar tua estrada,
E em meu peito, cravas o medo em forma de espada,
Sorri, teu sudário pira sobre a desnuda espádua,
E sangrando, nas brumas pranteio;

 

Peço-te misericordiosamente esteio,
E tu, contrita, afaga-me dentre formosos seios,
E minh’alma orvalha d’esperança, no anseio.
De que a morte venha, e eu desperte deste inefável devaneio.

 

(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)

 

(Foto de Carolina Basi no Pexels)
ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

ZÉJEL N°10 (PÁSSARO MULHER)

 

Pássaro mulher, suas véstias de linho,
Boca cândida, doce fruto, ardente vinho;
Sua espádua é sol dos montes, meu ninho;
Amanheces em minh’alma com ternura,

 

Com a esperança de doce ventura…
Em trevas, os pomos transluzem a clausura,
Duas luas aureoladas por róseas flores, tortura!
Intangível, como tocar-te místico pássaro ou miragem?

 

Em meu sono profundo faz passagem,
Ver tão límpida a voar, vagando, mera paisagem;
Sorrindo a cantar e o meu peito a calar, a mensagem
Voa, e o anjo se vai; castigo por amar, partirei sozinho…

 

(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)

 

(Foto de Masha Raymers no Pexels)
QUIMERA

QUIMERA

QUIMERA
 
Não era a face da aurora
Perdida no espaço tempo
dos teus olhos
 
Talvez o reflexo luminoso
Da tua alma refrescasse
Meus versos vencidos no silêncio
 
A dor, que tira o sono
E adormece os feridos
No último suspiro… O silêncio!
 
Ainda suspeito das memórias vãs
Que de infante cria na esperança
De novos dias afetuosos
 
Que inda tormenta o vazio da noite
Não, não era a face da aurora
Perdida no espaço tempo…
 
Era um sorriso desesperado ante ao fim!
Era como um sonho desperto!
Que sonho seria despertar… No fim!
 
Aí de mim! Ai de mim!
Que está cura amargurada
Vesana arraigada… chegue enfim!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Matheus Bertelli no Pexels)

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