RE-CICLO

RE-CICLO

RE-CICLO (Sobre longas cartas ao mar)
 
 
E cada letra era gota,
E cada gota uma carta transborda
E cada carta um amor se recorda
E cada recorte um pedido
E cada pedido um ferido
E cada ferido um silêncio
E cada silêncio, uma gota.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
NA TARDE

NA TARDE

NA TARDE
 
Na tarde, o teu nome invade
A curva da cova risonha me arde,
Tem saudade nos ipês da cidade,
As cores ao chão num tapete como o teu,
Longe encenas a normalidade…
Indo eu, nômade em necessidade
Alcançar-lhe além-mar a insanidade perdida.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SIGNIFICÂNCIAS

SIGNIFICÂNCIAS

SIGNIFICÂNCIAS
 
 
Eu gosto da noite,
porque as significâncias
tem mais valia no silêncio…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
ELEGIA DOS 35 ANOS

ELEGIA DOS 35 ANOS

ELEGIA DOS 35 ANOS
 
 
Eram melhores amigos, uma sintonia absurda e uma intimidade absoluta, uma loucura que quebrou distâncias, diriam os céticos que seria impossível, mas a vida é um livro sendo escrito, dentre idas e vindas, acreditava no amor, e na diferença de que a sensibilidade de ambos faria ser eterno, uma sensação de um saber ler olhos como que se conhecessem desde o pré-útero, se é que existe esse lugar, Bauman sempre alertava como aquele amigo chato que a líquida forma de contato, o texto, poderia liquidar os laços de palavras tão bonitas Intimidade e cumplicidade, alicerces do Amor.
 
Mas ainda que fosse reincidente, acreditava, “dessa vez será diferente” a psicologia sempre lhe foi característica, para acreditar no ser humano, e ela também tinha dom da Psique, senão eu seu Eros apaixonado, ainda que já não fosse mais um menino, mas um homem para tamanhos devaneios, porém, o amor nos traz uma vitalidade que nos renova o peso da idade, e sim quão menino, ignorou os conselhos de amigos, Bauman e outros… Era poeta!
 
Fez e desfez planos devido a instabilidade do solo para plantar sua rosa, parecia não se importar, a presença mágica que pra ele tanto significou, a ponto de serem feriados íntimos, talvez tenham sido vistos como loucura pelo mundo e pela própria rosa flor, no total foram 3 jardins onde quão João de Barro fez feliz um ninho afetuoso pelos campos planos de uma vida inteira…
 
– O Natal chegou, sentia uma certa inquietação de que seria diferente, um primeiro Natal contente desde a partida da minha vó, tantos anos atrás, um Presente Presença! Construção de sonho e cor, moldados a realidade do seu Amor, tinha bilhete comprado e perfume de sonho realizado, o bebê já visitava seus sonhos e os sabores anti alérgicos e sem agrotóxicos eram surreais, mas acreditem, eram reais ao poeta mago de transformar os sonhos dela na realidade mais bonita, e acredita que nem ela acreditou? A data chegou e o peso pesou, o poeta sentiu, o peso caiu e a coluna arqueou… Perdia novamente o eterno grande Amor de outras vidas pra outras pessoas cuja trajetória, colheu não as frutas do seu jardim… Mas o jardim inteiro.
 
Não, não existem culpados! Nem eu, nem ela ou o mascarado, o Natal foi pior ou igual e o ano congelou-se em dezembro eterno… Quem diria que o solicito mascarado que ela levaria para buscar a passagem para o terceiro paraíso que a esperava, iria com mentiras que lhe são características turvar castanhos sóis, a sós em saudades…
 
Cedo ou tarde, fitei em dizer que o eterno tem poder e que ela iria voltar, enquanto caminhava em direção ao sul, mas eram longes os caminhos, demorei cerca de 8 meses para chegar a terra prometida, e novamente o poeta reduziu as horas com o afeto e a verdade que o mundo não entende… Agosto tem gosto estranho, um perfume reticente de um ano atrás. Mas quem diria setembrou-se em primavera, e em meio a tantas agruras mascaradas que enfrentaram no caminho ao novo Ninho, ele não desistiu, quão João de Barro e Manoel de Barros levava casa e poema, por mais triste fosse o tema via com beleza o riso da flor, os passarinhos de toda cor e sonho que ela sonhou que o pé no chão apagou, afinal onde fui loucura, o mascarado foi a síntese mentirosa de que um sonho era loucura demais pra ser sonhado… Provei que era o contrário, mas cheguei tarde, a tempo apenas do sol se pôr em cores jamais vistas por ela num paraíso que me chamou um dia de Amorr.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
HAICAI AORTA

HAICAI AORTA

HAICAI AORTA
 
 
Deixar ir é um ato de Amor,
Nem sempre a flor bruta brota,
No horto ou na Aorta Coração!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
CASTANHOS TARDIOS

CASTANHOS TARDIOS

CASTANHOS TARDIOS
 
 
Havia dedicatória naquele céu,
onde o passarinho cantava
no mesmo idioma dos olhos dela.
 
Ela não viu, não ouviu,
nem sentiu a saudade
em tons de azul e castanhos tardios.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
NINHO CORAÇÃO

NINHO CORAÇÃO

NINHO CORAÇÃO
 
Eu acolho ela expulsa,
Eu acalmo ela pulsa.
Casa vazia sem o canto
dos passarinhos é peito triste,
sem sentir o teu pulsar.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SONETO DO VENTO DA MORTE

SONETO DO VENTO DA MORTE

SONETO DO VENTO DA MORTE
 
O vento que bate em meu rosto
É como o tempo que muda teu corpo
A lua se intumesce toda
Quando a morte beija-me a boca
 
A morte tão bela e tão forte
É a vida dos que não tem sorte
O tempo com o vento da morte
Passa em meu pulso fazendo três cortes
 
E a vida sombria e macabra
Finalmente num ciclo se acaba
E o vento enxuga as lágrimas
 
Da amada parada e abismada
A morte roubou-me de ti…
E o poeta encaixotado, jaz aqui!
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2003)

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