SONETO FEITO FUMAÇA

SONETO FEITO FUMAÇA

SONETO FEITO FUMAÇA
 
Na conjuntura do vazio
O Rio é realmente violento
Ainda que haja cor
Não há casa, não há tempo
 
Na linha que leva a Dutra
Há um cinza prolixo
Dos olhos perdidos no lixo
Nos cantos no metrô
 
A capital está longe de Capitu
Ainda mais longe de Capitólio
Do ventre verde das Gerais…
 
Resta a inspiração da fumaça,
Tóxica e ácida na pressa preciosa.
Distante da Alegre fumaça cachoeira.
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2017)
CAPITU E O MAR

CAPITU E O MAR

CAPITU E O MAR
 
Poemar estrelas,
Escutar a lua,
Pelo mar transbordam
Quão teus véus costura,
 
Cada gesto um toque,
A dançar flutua,
Do mirante ao forte
Teu espaço estrela,
 
Conduzem as mãos
A escrever na pele,
Feito areia úmida
Entre os passos
 
O Tempo…
 
É pra lá do norte,
feito a cor da noite
Perfumados feixes
Se misturam ao vento
 
Num idioma idílico,
De brisa, riso e vinho tinto
Escrevemos a eternidade
etérea na esquina do mar.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Pavel Danilyuk no Pexels)
UNIVERSO

UNIVERSO

UNIVERSO
 
Universo
Une vértebras
Laçar de mãos
 
Uno Poema
Não trema
No trema
 
Cujo amor
Acentua
Desritma, flutua
 
A Loucura do Mundo!
Profundo Sentir
Não choras, eu volto
 
Que metade não é Uno
Que se parte ao partir…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Anna Shvets no Pexels)
SONETO ÍNTIMO

SONETO ÍNTIMO

SONETO ÍNTIMO
 
Eu decorei o teu corpo em meu desejo,
Em tanta sintonia te prevejo,
Cada pétala aos ombros guardo um beijo,
E o teu laço desfaço nos lábios meus…  
 
Eu decorei teu cheiro, teu gosto, tua voz!
Te desenhei por inteiro, dos pés descalços
Aos sinais que me guiam,
Estrelas corpóreas dela!  
 
Os desejos dela são os meus!
O gozo dela é o meu! O sabor, meu vício!
Amo cada riso, cada psiu! Não te fujas!  
 
Me conduzas! Em cada esquina espreguiçada,
Me alimenta, que a poesia dos teus seios sustenta!
A magia pelo a pelo, sussurro d’um segundo eterno!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Chermiti Mohamed no Pexels)
TEOREMA SOBRE TEU NOME

TEOREMA SOBRE TEU NOME

TEOREMA SOBRE TEU NOME
 
É que teu nome é saudade…
Na tarde de mais um setembro,
A intensidade dos olhos
não é mais a mesma,
 
Ante o agora que me agoura a alma.
Fostes o desaguar no Rio dos ares cinzentos,
Não importa a cidade quem faz a saudade
No reencontro do olhar sempre nasce outra vez,
 
É que teu nome tem perfume de cor,
Tem essência de estrelas no riso,
E nem toda mobilidade urbana
me leva tão celere ao teu seio contrito,
 
Tu me chamas! E agora são 3:00 da manhã,
é hora de contar constelações contigo…
Me perco a percorre-las entre o céu e teu colo,
Na verdade o bom Amor, é o melhor amigo.
 
Jardineiro do sentir,
geógrafo das tuas ondulações, a mapear-te,
das tuas galáxias às dunas corpóreas
que florescem e se afloram ao toque meu.
 
É que teu nome é destino,
que eu me torno menino
quando tuas asas se erguem
Poderosamente do teu dorso lunar,
 
E o céu vira festa!
E os passarinhos se agitam,
varrendo a tarde descompasadamente
cantando serenes no idioma do teu olhar.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Neosiam no Pexels)
SECARÁ

SECARÁ

SECARÁ
 
Vai secar, minha mãe já dizia…
Secará o pranto, sem acalanto,
Secará, secará o peito,
Expurgo ao leito,
 
Deixará migalhas afetuosas
para um dia voltar, se houver lugar!
Ah secará, a roupa na corda,
 
O pé rente a borda,
prestes a saltar!
Se encarar, o medo absurdo,
a fome e o luto,
 
Transbordo a lutar,
Secará, a voz embargada,
Despida e chegada,
A Loucura de Amar.
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2016)
SEMI LUNARIA

SEMI LUNARIA

SEMI LUNARIA
 
Amanhece, e busco em vésper luz
Rastros do teu perfume,
Lembro dos cabelos ondejantes
Em calmaria quão a praia serenizada,
 
Enquanto tu dormes, meus dedos tocam
A face fria do vento a procura do teu rosto,
Ainda há no céu restos da noite
E sua constelação costelar
 
Constela-me o juízo, o sorriso! Teu gosto!
Imprevisto tempo que teu oi veio e ficou!
Que as noites são espera da tua voz
 
E posso te sentir no peito em flor,
Leito serenizado rente ao cálix toráxico,
Teu lugar no infinito segundo do beijo!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Rahul no Pexels)
LA GUESA

LA GUESA

LA GUESA
 
Caminhas em longa estirada,
Como quem foge de algo,
Tens no peito uma bússola guardada,
E na frente, um sorriso almo.
 
Foges criança, pois ele vem,
Mas não demonstres fraqueza;
Com teus olhos seduza a riqueza,
E camufle os segredos que tem;
 
Todos querem teu coração,
Sacrifício de uma estrela decaída,
Mas tu, apenas queres uma saída,
Em prazerosa sensação…
 
Sentir-se luzir como a lua,
Aos artistas mostrar-se nua,
E vagar sempre bela na eternidade,
Como um anjo esculpido em verdade,
 
Mas ele logo chegará, sabe onde tu estás;
E vem alado a rasgar as ruas;
E agora diante de teu carrasco, faz teu pedido:
“Oh meu Chacal, mostre-me a face tua…”
 
Ele atende, e abismada ela vê a tênue
Face do medo refletida…
A Guesa foi mui ingênua
O Chacal inebria teu corpo e tua mente;
 
Tocam-se os seios em verve,
E despem-se na urbe que ferve,
Inebrias com o ópio teu Chacal,
Inebrias em ti o animal…
 
As estrelas d’instante vem ao chão,
E a Guesa é possuída sem perdão,
“Ama-a como a ti mesma…”
Desnudas em penumbra qualquer;
 
O Chacal a faz mulher;
No silêncio que se exalta no peito,
O compasso dos sonhos, dentre os cantos,
Cantos místicos em um obscuro leito;
 
E envoltas em sussurros e risos,
A Guesa se doa em sacrifício,
Na explosão dos santos guizos,
 
E um beijo silencia o ofício…
 
E o encanto termina quando vem a aurora,
E o louco sonho vai dentre as cortinas afora;
No leito, a desnuda menina…
Que dos lábios foi-se a vida.
 
Nestes lábios bonitos,
Um vago sorriso; O roxo das violetas;
E um belo mosaico de espelhos…
A rodeiam… Que toquem as trombetas!(…)
 
No santo altar da insanidade,
O tempo dará sua conotação;
Pois a beleza, a tristeza e a pobreza,
Estão em cada coração.
 
– Talvez a insanidade seja um dos caminhos da verdade.
 
(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)
 
 
(Foto de Tainá Bernard no Pexels)
SOBREVIVER

SOBREVIVER

SOBREVIVER
 
Sobre viver?
Trata-se de
Sobreviver!
Sob reviver
Diariamente!
Sobre rever
O que se sente!
Só breve ver
Sobre as correntes,
Estremecer
O corpo rente,
A juventude
Que desprende,
A conta gotas
Em carne quente,
Sobre dizer
O que se entende,
sobre se permitir
Não entender…
Sobre aprender
Sobre mim
Sobre você
sobre nós…
Sobre nossa voz!
Sobre o silêncio
Em disputa,
Sobre o cansaço
da Luta…
Sobre viventes.
 
(Anderson Delano Ribeiro)

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