BOCAQUIUSA

BOCAQUIUSA

BOCAQUIUSA
 
 
Boca, fresta oca,
Que usa o sopro
Em potência e som,
 
Boca, que usa
toda, uma lascívia
fremente em bailar
 
Língua ao céu da boca,
Essa rouca voz brada
indizeres de prazer atol!
 
Boca, que usa boca,
mata sede em sabores vãos,
vai-se boca, pelas pernas
 
dissabores, boca, xinga porra!
Em calores vagam tantas mãos,
Boca, vocaliza, onde pisa sustenida,
 
Língua, entre a boca,
Beija ao som de outra boca,
Essa moça que passeia pelo céu…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
FETAL

FETAL

FETAL

Face a face com o Mal,
que por pouco reflete o real
onírico do que és,
Nada além de si, em si, para si,

Tomar-se frente as desventuras,
de maremotos de loucura…
— Soy yo, delante del espejo de sal!
De uma atroz fatalidade que a idade

permeia de Safo a Parmênides,
Diz-me que entes quão Gorgona íntima?!
Ínfima de infinidade que me diz além-mar!

Das que Dasein espelho meu, Diz-me!
Brada-me quieto e fatal!
De renascimento extremo coroado… Fetal!

(Anderson Delano Ribeiro)

 

SONETO DE NATAL

SONETO DE NATAL

SONETO DE NATAL
 
 
É Natal… Mas não parece Natal?
Pra mim não faz tanto mal
Mesmo que fosse outro igual
É Natal e daí?!
 
Daí que é a festa cristã
Vou abraçar minha irmã
Mesmo que ela não goste de mim
O Natal morreu! Virou hipocrisia.
 
Você se reunir com a família
Que vive a falar mal de ti
Você ter que beijar sua tia…
 
Que fica o ano inteiro,
A te chamar de maconheiro…
É Natal e daí!
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2004)
DENTRE AS PEDRAS

DENTRE AS PEDRAS

DENTRE AS PEDRAS
 
 
Era além,
Ela em dialética fiel,
em fixas metas
corpóreas de pedra e ar,
 
Era chuva… Era verão
 
E olhem bem e verão
que era Ela
um anagrama
com H sem A mas além.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
A BIBLIOTECÁRIA

A BIBLIOTECÁRIA

A BIBLIOTECÁRIA
 
A bibliotecária é o oráculo,
A guardiã das idéias,
O ideal das Amélias,
A dona do tabernáculo.
 
Na frieza das estantes,
Quão pilares empíricos,
A beleza esconde, ante
aos lírios mais líricos;
 
Um jardim de tantas cores,
Colhe versos acolhedores,
Lavrando soluções
a tantas preocupações.
 
Atenciosa sempre,
Fabulosa rente
a mesinha,
Sentada sozinha
 
É a mais chamativa das obras,
A menos acessível a nós;
Que acesso mesmo sobra?
Além dos murmúrios dos poetas sós.
 
Lembro-me! A bibliotecária,
É a mulher sem nome…
Marina, Regina, Ivone…
É serena como uma ária
 
De Chopin, ou mesmo Beethoven,
Ouvem? Vejo um sorriso nos lábios,
Tem um certo mistério dos sábios,
Mistério que os anjos não ouvem.
 
(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)
VÃO OS MEUS DIAS

VÃO OS MEUS DIAS

VÃO OS MEUS DIAS

Vão-se os dias,
Vão-se as horas,
Tão tardias
Noite afora

Vão-se os sonhos
Vão e vem,
Vão risonhos
Ao meu bem;

Vão-se em vãos
Vão-se em becos,
Deixam em mãos
Um leito seco.

E a morte etérea?
É passageira,
Não está séria
É a herdeira!

Vão-se os cantos
Ficam os campos,
Um perfume,
O santo hume;

Vão-se as asas
Vai-se a aurora
Luzem as casas
Certa hora;

Noite afora
Tão tardia,
Chega a hora
Triste dia!

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

CANORA

CANORA

CANORA
 
E cansada dos passos largos da vida,
Alinhou-se em linhos, finos fios de lã e louça,
Aninhou-se à pequena, e tão livre e serena,
toda canora moça, de plié em passé fôra voar,
 
Quão canário pássaro, passear, passará?
Sobre as casas, sobre as asas do norte ao sul,
ela e a pequena, ela e seu ninho…
os longos passos viraram passinhos.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
BACANAL

BACANAL

BACANAL
 
 
Tenho preguiça de discussões,
tantos e pífios “discursões”,
que se perdem ao léu
de Fidel ao quartel,
 
em uma dita pura verdade,
que essa tal felicidade seu guarda,
se guarda mesmo, é a esmo,
dentre o claustro do bordel.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
REDENÇÃO

REDENÇÃO

REDENÇÃO
 
Perdeu a razão seu João!
Perdeu a razão, disse então:
Os amores estragados,
todos quadrados no Instagram,
 
Os meus livros azedaram,
sem sabor viraram ebook,
e bucólico que sou, fico num azedume só!
Me pede um tal de iPad
 
que pegue minha estante
e de instante jogue em suas mãos,
É tudo tão fácil seu João Maria José!
É tudo tão rápido que nem dá calo no pé!
 
(Anderson Delano Ribeiro)

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