SONETO DE NATAL

SONETO DE NATAL

SONETO DE NATAL
 
 
É Natal… Mas não parece Natal?
Pra mim não faz tanto mal
Mesmo que fosse outro igual
É Natal e daí?!
 
Daí que é a festa cristã
Vou abraçar minha irmã
Mesmo que ela não goste de mim
O Natal morreu! Virou hipocrisia.
 
Você se reunir com a família
Que vive a falar mal de ti
Você ter que beijar sua tia…
 
Que fica o ano inteiro,
A te chamar de maconheiro…
É Natal e daí!
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2004)
DENTRE AS PEDRAS

DENTRE AS PEDRAS

DENTRE AS PEDRAS
 
 
Era além,
Ela em dialética fiel,
em fixas metas
corpóreas de pedra e ar,
 
Era chuva… Era verão
 
E olhem bem e verão
que era Ela
um anagrama
com H sem A mas além.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
A BIBLIOTECÁRIA

A BIBLIOTECÁRIA

A BIBLIOTECÁRIA
 
A bibliotecária é o oráculo,
A guardiã das idéias,
O ideal das Amélias,
A dona do tabernáculo.
 
Na frieza das estantes,
Quão pilares empíricos,
A beleza esconde, ante
aos lírios mais líricos;
 
Um jardim de tantas cores,
Colhe versos acolhedores,
Lavrando soluções
a tantas preocupações.
 
Atenciosa sempre,
Fabulosa rente
a mesinha,
Sentada sozinha
 
É a mais chamativa das obras,
A menos acessível a nós;
Que acesso mesmo sobra?
Além dos murmúrios dos poetas sós.
 
Lembro-me! A bibliotecária,
É a mulher sem nome…
Marina, Regina, Ivone…
É serena como uma ária
 
De Chopin, ou mesmo Beethoven,
Ouvem? Vejo um sorriso nos lábios,
Tem um certo mistério dos sábios,
Mistério que os anjos não ouvem.
 
(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)
VÃO OS MEUS DIAS

VÃO OS MEUS DIAS

VÃO OS MEUS DIAS

Vão-se os dias,
Vão-se as horas,
Tão tardias
Noite afora

Vão-se os sonhos
Vão e vem,
Vão risonhos
Ao meu bem;

Vão-se em vãos
Vão-se em becos,
Deixam em mãos
Um leito seco.

E a morte etérea?
É passageira,
Não está séria
É a herdeira!

Vão-se os cantos
Ficam os campos,
Um perfume,
O santo hume;

Vão-se as asas
Vai-se a aurora
Luzem as casas
Certa hora;

Noite afora
Tão tardia,
Chega a hora
Triste dia!

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

CANORA

CANORA

CANORA
 
E cansada dos passos largos da vida,
Alinhou-se em linhos, finos fios de lã e louça,
Aninhou-se à pequena, e tão livre e serena,
toda canora moça, de plié em passé fôra voar,
 
Quão canário pássaro, passear, passará?
Sobre as casas, sobre as asas do norte ao sul,
ela e a pequena, ela e seu ninho…
os longos passos viraram passinhos.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
BACANAL

BACANAL

BACANAL
 
 
Tenho preguiça de discussões,
tantos e pífios “discursões”,
que se perdem ao léu
de Fidel ao quartel,
 
em uma dita pura verdade,
que essa tal felicidade seu guarda,
se guarda mesmo, é a esmo,
dentre o claustro do bordel.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
REDENÇÃO

REDENÇÃO

REDENÇÃO
 
Perdeu a razão seu João!
Perdeu a razão, disse então:
Os amores estragados,
todos quadrados no Instagram,
 
Os meus livros azedaram,
sem sabor viraram ebook,
e bucólico que sou, fico num azedume só!
Me pede um tal de iPad
 
que pegue minha estante
e de instante jogue em suas mãos,
É tudo tão fácil seu João Maria José!
É tudo tão rápido que nem dá calo no pé!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
DEPOIS DO VERSO

DEPOIS DO VERSO

DEPOIS DO VERSO

 

Depois do verso
o perverso me vem,
O que vem depois?
De um deposito de mim,

Assim, inda cru no mundo,
O que vem depois
do feijão com arroz
e do caldo profundo?

Depois do verso, ergo, envergo,
de uma dor moral despido do fim,
Ai de mim! Que meus restos
imorais fecundem-se em ti…

Ai de mim! Que regozijo
de um sopro, de um gozo,
falado, centrado, tépido e algoz
de ferocidade sutil e exausta…

Mas o que vem depois?

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

VIOLENTA

VIOLENTA

VIOLENTA
 
 
Violeta…
brota serena,
Inda pequena
 
migra ao mercado,
Pobre seu fado,
Chamam-na flor,
 
Que azar, dissabor?
Em tanto caos
na tv e no jornal,
 
Violam a letra,
que dó violeta!
Essa dor violenta…
 
Até nas pétalas me agride…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
PS: Esses versos foram inspirados a princípio por essa foto. Mas por quê essa foto só no final? Se você ler o poema com a primeira imagem em mente e depois reler com a segunda imagem, lerá o mesmo poema, de uma forma diferente.

violenta-violeta

 

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