INVISÍVEL

INVISÍVEL

INVISÍVEL
 
Enxergar beleza no invisível,
posto que as vezes também o sou
Leva tempo para percebermos
que o mais importante está no invisível
 
O ar é indispensável
Os afetos são indispensáveis
Posto que ainda na ausência
Em mim guardo teus detalhes
 
Talvez esse seja o dom do poeta
Enxergar o invisível…
Ver amor na única flor do jardim
Ver história onde para alguns é o fim
 
O invisível é o céu por trás
das luzes da cidade
É a loucura desmedida e sem idade
Como vê é comover-se com o outro
 
Posto o outro também sou eu,
Sem classe, sem cor, transparente!
Por vezes, tanta verdade no amor
Também soou invisível…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SONETO LIVRE

SONETO LIVRE

SONETO LIVRE
 
Será que um dia a noite bate
E mesmo que seja tarde
Percebas a poesia renegada?
A flor e verso que deixei na estrada,
 
Será que haverá tempo?
Será que haverá vida em mim?
Não a necessidade de percebimento,
Apenas o breve momento
 
De uma menina assustada
Que desperta numa noite enluarada
E se esquece que podes voar!
 
Como o canto do poeta sabiá
Que tanto ecoou, que decorou
As paredes do teu Lar…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
A NOITE QUE SOU

A NOITE QUE SOU

A NOITE QUE SOU
 
Sou como a noite…
Silencioso, Lúgubre,
Barulhento por dentro,
Lascivo em luxuria…
 
Sou como os olhos da Lua,
Sou como negro manto céu,
Afável ao sono…
Desimportante para quem importa.
 
Sou como a noite no campo,
Melancolia entre mar e cais,
Sou como a noite na cidade
Repleto de estilhaços de vaidades
 
Sou a ponte irreparável
que corres sem saber porque,
Sou o sonho que não vem
Porque sabes que já o tem.
 
Sou como o catador de latinhas sem cão,
o filtro dos sonhos em teu quarto são,
(Sou) Recicla dor de migalhas recebidas em papel
Ardo como sol noturno invisível ao céu.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SAUDADES

SAUDADES

SAUDADES
 
Despedida
É a ida
Que não quer ir
 
São saudades
Que levamos
Na bagagem
 
São os olhos
Que vislumbram
A paisagem
 
Na janela
A passagem
Na mão
 
E no peito
A coragem
E o perdão
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SOLILÓQUIO PARA NINGUÉM LER

SOLILÓQUIO PARA NINGUÉM LER

SOLILÓQUIO PARA NINGUÉM LER

Certa vez ouvi… Você é diferente… Devo ser estranho, devo ser estrela,
Dessas que luzem só em meio ao breu… Era um elogio: – Poetas são estranhos…
Disse após um riso. Na época me entristeci, Hoje me orgulho…
Sou da época das cartas, e se o tempo não me entende me adapto,
Capto no olhar o riso e a tristeza silenciada,
E além da poesia, me deitei com a psicologia, e deliramos noite a fora!
Sou insano, sou devaneio, tão louco que solilóquio esse tema,
Num poema que me reflete. Quem se importa…
Ninguém lê poesia, ninguém lê textos longos, ninguém lé olhos,
Ninguém ouve seu perfume na minha velha camiseta…

Coisa de louco, ser criança, ser velho, ser índigo, qualquer cor, qualquer tom…
Ouvi que poetas mortos vendem mais livros. Eu já deveria ter vendido alguns…
Posto morro e renasço a cada queda… Me desfaço e me faço forte, e do choro
O corte que a corte espera em taças em um toste a falácia de ser feliz agora! Carpe Diem?

Urge essa falta que não é pauta de conversa de bar, Ostentar felicidade
É tentar enganar a si, como se pudessem colher frutos de sementes sepultadas ontem…
Na verdade, Sou estranho, e me perguntam: – Por que não jogas fora esse velho vaso que tanto
Cola a cada queda? Por que não compra outra flor
ao invés de esperar essa muda silenciada crescer a cantar?
Por que esperas a Lua Nova, se amanhã ainda é Lua Cheia?

Aprendi, que Estou aqui e nada sou… Estou universitário, estou gerente,
estou desempregado, Estou contente, e Sou apenas o que deixo…
Sou o Bom dia que te alegra, sou as cartas que te deixo, sou o filho que quiçá terei,
Sou os livros que cá deixei, sou esses versos amanhecidos… Outrora esquecidos… Soul!

Sou os sonhos que alimento, as tristezas que me atormentam,
Sou o amanhã que planejo e as pequenezas que deixei em cada peito…
Sou histórias para contar em cada coração que em minha estirada cruzei…
Sou estranho nesse mundo que estranho é ser normal… E o que é normal?
Sou Poeta, sou cantor, sou loucura de menina, sou candura que ilumina…
Se for metade do que penso sou… Sei que valeu muito a pena Ser.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

PRAIANAS

PRAIANAS

PRAIANAS (NO MAR JÁ TÁ ÍSIS)
 
No mar já tá Ísis!
Banhando raízes,
Poemas felizes,
Sapeca menina
 
Sapecou ainda
Mais uns três peixinhos,
Cavalos marinhos
desbravam caminhos
 
Redondilhados!
Pra todos lados
respingam
 
Destinos…
De idas e vindas,
Das Ísis tão lindas.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
Escrito em Marataízes em 12/11/2005
PARADEIRO

PARADEIRO

PARADEIRO
 
 
Inconstante grão de areia,
Que o vento leva do jardim,
Vento bate e freme a teia,
Seca o sangue do jasmim,
Pobre aranha que balança,
Segue a rima sem cair,
Tem seu templo estilhaçado,
Aos pecados seduzir…
 
Vem dos olhos da criança
A pureza que perdi,
Nas cavernas obscenas
Tão serenas, eu parti!
Às tavernas levo a dança
Perdurando a alegria,
Derrubando toda roupa,
Da orgia a nostalgia…
 
Vindo oh vento na janela,
Traz consigo oh ventania,
A vesânia que anda solta
Com um vestido cor canela,
Tão singela corre a praia,
Toda nua a bradar!
Joga à chama sua saia,
Que constela o meu sonhar…
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2005)
 
 
 
(Foto de Matheus Holz)
 
CAFÉ COM LEITE

CAFÉ COM LEITE

CAFÉ COM LEITE
 
 
Eis o mar perante meus olhos úmidos,
Suga a saliva doce de um rio café com leite;
Em tanto ar que me sufoca a alma,
Imenso o toque acalma,
Desliza a palma sutil,
Na pele febril deste homem,
Em que os sonhos jovens somem…
Velhos novos dias!
Politicamente incorretos,
Passam ondas, pororocas,
E o tempo segue reto.
Eterno é o amor das pedras,
Um Frade e uma Freira
Observam a primeira
Flor do dia, foge a melancolia;
Caem na areia as moedas
Do pão, o poeta então pede perdão,
Sobe ao barco dentre os arcos
Da ponte, das ruínas o Trapiche,
Suas feições vem tão tristes,
Sobrepondo este dia,
Da igreja, a sereia,
E o homem, cristal de areia,
Cobre tudo a poesia…
Cobra o tempo, Vento Sul leva
Um riso, um choro! Nostalgia…
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2005)
 
 
#LaudasAlaudadas
 
 

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