RI DE TI PIERROT

RI DE TI PIERROT

RI DE TI PIERROT
 
I
 
Ri de ti pierrot contrito, o atrito que permeia tua face
com silêncio da rosa é totalmente merecido,
ri de ti pelas sépalas segregadas…
 
II
 
Ri de ti pela mácula de Macário,
em penumbra de uma poética mascarada de alegria,
sorria! Ante teu sepulcro de amores vãos…
 
III
 
Vão-se dias e a noite é tua essência meu amigo,
tua tez pálida, traz cálida lágrima negra,
Rubro néctar da vida… Ri de ti pierrot…
 
IV
 
Posto que a lua é a luz do picadeiro,
e à aurora o circo dos risos recomeçará.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
CAMINHO DOS OLHOS

CAMINHO DOS OLHOS

CAMINHO DOS OLHOS
 
 
Tenho aprendido a ouvir com os olhos,
Não, não são ossos do ofício da Psique!
Nem uma poética louca, mas… entenda que:
 
Eu tenho aprendido a ler teus olhos!
Sim, posto que as vezes teus olhos
Gritam, cantam, sussurram até dançam,
 
Enquanto a boca rende-se,
na loucura de ser normal…
 
Teus olhos tem um aroma de universo,
Guardam noites, estrelas, tormentas e submerso
percebo uma aurora em quietude… Ou inquietante?
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SE ELA UM DIA DESPENCAR DOS CÉUS

SE ELA UM DIA DESPENCAR DOS CÉUS

SE ELA UM DIA DESPENCAR DOS CÉUS

 

Se ela um dia despencar dos céus,
que caia serenamente,
e que sua pele alva possa vestir
meus versos emplumados,

para fazê-la voar mais alto!
Que caiam em meus lábios,
gotas doces de uma poética
misteriosa do seu silêncio,

de um riso de eternidade…

Se ela um dia despencar dos céus,
peço que venha lasciva no olhar…
que traga no tépido riso de menina,
A virtude das mulheres deusas

Em seus olhos grandes, de pássaro
faminto… Que paire em meus dedos,
a colher sépalas róseas flamejantes
de espáduas retorcidas, contorcidas,

E de instante! Em face languida,
me perca, em toda paz e caos contidos;
Ébrio, em uma pira de devaneios…
Despertar… Despencar…

Da boca ao céu! Acordar…

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

SURREAL

SURREAL

SURREAL
 
 
Surpreso ante o meu reflexo em olhos teus
De súbito encanto, a calar-me em lábios mádidos,
Sussurrando delírios, em lírios frescos e cálidos…
Subi as Estrelas, para trazer-te em versos oníricos
 
A cor da noite, na ponta dos teus dedos píricos
laçados aos meus, fremem a esmo,
Subliminarmente as Estrelas em nós, e mesmo tua voz,
Se encaixa sobre a realidade do timbre que te canto
 
As canções orvalham da fonte de róseo fruto.
Embriagando-nos da magia efêmera em sede infinda!
Sabores de todas as cores e a luz do templo,
Seduz-me em riso lascivo e breve,
 
O olhar entreaberto que leve
em plumas consigo a eternidade que sois…
Anjo e pássaro! Musa da Lua e tantos sóis.
Brada o beijo, e o desejo que o tempo pare!
 
E o verso submerso em tua boca fale
A tu’alma, o que só nossas línguas entendem,
A bailarina em padedê segura pelo Pierrot
na dança das mãos, sem rima, sem palavras… Surreal!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
A PRIMA DA RIMA

A PRIMA DA RIMA

A PRIMA DA RIMA
 
A prima da Rima
Se chama Constância,
E desde menina
Sem extravagância,
 
É a menos querida
Da mãe Poesia,
Vivia esquecida
Ao Esmo dizia,
 
Que desde a infância
A Rima reinava,
Quem era Constância?
O poeta pensava…
 
E assim sussurravam
Os anjos da noite…
A pobre então foi-se,
E logo pensaram
 
Que o Mundo só Rima
É vago e vazio,
E tudo termina
No tempo tardio.
 
A prima da Rima
Rodou na esquina,
Estranha a tadinha,
Ficou tão sozinha…
 
A pobre Constância
Com fome e com frio,
Chutou as lembranças,
Parou num asilo.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
VERSOS EM 212 SABORES

VERSOS EM 212 SABORES

VERSOS EM 212 SABORES
 
 
E desnuda, em um sonho real, eu a vesti de poesia,
Sim! A cobri, corpo límpido, carne quente,
E perfume de 212 sabores, e calada dizia:
Querer sem querer, em língua vistosa,
 
Um baile entre os dentes…
 
Langue em desejos, atroz em ser teu algoz em candura,
Tamanha loucura me freme lascívia ternura,
Fremem, num baile sem mascaras, sem lua, sem estrelas,
Nada! Nada de outras musas, somente Ela…
 
Em aquarela pintada em quatro mãos, em suor, em letras, em bocas,
E nada além dessas poucas e roucas vogais!
Era como se o afago do beijo selasse esse encanto momento,
Em missiva escrita em laudas corpóreas… Grito e silêncio!
 
Eu rasguei meu riso e encaixei no teu,
Risos encaixados, corpos enlaçados,
Algemados entre dedos e pernas,
Silenciados, na sinfonia do sentir…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
NÃO ME ORGULHO

NÃO ME ORGULHO

NÃO ME ORGULHO

 

Não me orgulho de ser diferente, ainda crer em gente. De pensar que afeto é melhor que grosseria, de ver como magia a lua colher estrelas!

Não me orgulho por mesmo certo despir o orgulho e pedir perdão, é que presença doce amarga a questão. E toda boa história tem continuação…

Não me orgulho de nutrir sonhos em meu peito, pois no mundo perfeito descartavel é lei. Descartando a nós mesmos, por um troco de tempo.

Não me orgulho de fazer rir e chorar, de mostrar que é possível viver, rabiscar o sonhar, e plantar no jardim sementes de borboleta e cor…

Não, não me orgulho de eterniza-la no éter poético das estrelas, fazer canção sem sequer ve-la, e com o dedo cavar tua face num riso…

Não me orgulho por ser sincero demais, mas sim, durmo em paz por mostrar teu reflexo, mas que nexo há no dom do encantamento?

Não me orgulho de como o cravo, me engrandecer com um bom dia de sol, e em troca dar-te pétalas em versos, ou asas rimadas.

Não me orgulho de partir sem porquês, de sentir sem toques, de saber que amanhã caberá toda história num singelo foi bom…

Não me orgulho de cantar sem perder o tom, mas quebrar toda rima, e dizer-te: Menina que imagina escolhas, arranca as folhas da flor que te dei?

Eis que voam pra longe, para onde? Não sei… Mas devolvo-te em saudade, candura verdade, perfume de versos que outrora deixei…

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

ELEGIA DOS 30 ANOS

ELEGIA DOS 30 ANOS

ELEGIA DOS 30 ANOS

 

“A poesia esta nos olhos de quem vê.

E voam as notas musicais, canção pra te dar bom dia.”

 

Não, eu não te peço perdão por te amar de repente!

Embora, cante Vinicius, e eu a dor que em gotas sente,

deixei os sabores e aromas no ultimo beijo teu…

Permiti, que a aurora só começasse em cada bom dia.

Pois sabia que logo surgia, a alegria em nós pelo sol e poesia.

Eis que jardins poéticos e casas rabiscadas num papel,

quão duas crianças com lápis e borracha tem o céu,

brincam, riem e eternizam borboletas coloridas

saborosas quão mordidas…

Em cantinhos escondidos para que todos possam ver.

 

Eis que ela se esvaneceu…

Percebeu, que números são importantes,

E o sonho que vivia antes, perturbava o seu sentir.

 

Hão de vir números, passados, presentes e ausentes,

Mas em ti, em nós, edifiquei o verdadeiro Amor.

Quando vinte nove mente, novamente sinto a flor

da noite dizer: “És poeta, és canção, és mistério, és solidão…”

 

E pergunto-te qual a idade de tua alma menina?

Pois a minha é criança, é ternura e eterna dança.

“A criança que fui chora na estrada…”

Pessoa já dizia, mas calada tu corrias…

Esqueceu-se das asas que tinhas? Por que corres?

se podes voar! Ah fora amar borboletas, Poeta,

Agora conserta tua velha alma para ela…

 

Penso que o tempo há de trazer nossa cura,

quiça percebas que saudade não é nostalgia,

que números não correspondem a alma pura.

E encantamentos são como lagartinhas coloridas,

Não morrem, se encasulam no inverno,

e espreguiçadas na primavera fazem-se terno amor.

Paixão é fogo que chama, queima, fere, clama!

Mas sobreviventes, superam a dúvida dos entes,

que impotentes, não resistem ao amor.

 

O amor? sim, aquele que não chama, sussurra baixinho,

E quietinho te olha, e quando não te olhas, sentes que falta!

É carinho que esquenta, não queima, é colina mais alta

onde mar e montanha distantes se beijam.

Não fere, toca, não clama, bate a porta…

E se calam, tenta por mais dor que haja roubar risos

frescos da arvore mais alta, pois esses são os mais saborosos,

Te faz, te cuida, te zela o sono, e hora ora a Deus tu’asas brotar!

 

Parto num parto de lembrança e saudade,

E tenho o tempo como laudas em nós.

Pois minha voz, estará em ti… E mesmo tarde,

Sem alarde! Talvez, lá inda esteja, na calçada,

no cantinho, a olhar o jardim encantado, sem números,

sem dados, apenas Amor que outrora foi Paixão…

Traz teu riso de menina, traz-te moça oh solidão.

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

SE ELA SOUBESSE

SE ELA SOUBESSE

SE ELA SOUBESSE
 
Se ela soubesse, das cores corais que guardei pra ela,
dos corais sonoros que bradam em meu peito, quando ela esta,
mesmo sem estar, sempre esteve, talvez sempre estará,
 
Talvez o tempo dirá, ressoara em canção doce pra te cobrir de gotas de estrela,
quão chuva de uma foto que outrora vi, e vivi cada gota em cada curva,
e nos lábios, ah teus lábios, de sabores morri…
 
Renasci Sol, te abracei mar, tudo pra te dar: Bom dia Anjo!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
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