EXÍLIO

EXÍLIO

EXÍLIO

Ainda que tardio,
vim; — Enfrente!
Eu e a mala carmim,

Num pais dentro da pedra,
de um caminho sem saber,
se sou Rio ou a Ilha,

Certeza apenas da quimera,
do além-mar que deixei pra trás
e que por vezes falta faz.

Vim buscar asas, estrelas,
transbordamentos luminosos,
onde em real é reto, plano,

planície sem curvas aos olhos,
ah as curvas, sinuosas ao corpo,
às obras, aos versos, à musa!

A musa é o templo em mim,
de uma saudade flébil
das canções do mar…

Não fosse a musa
o Exílio seria completo!
Sem mim em mim…

Ébrio em vastidão!
Sem janelas para bramar!
Essa cólera encoleirada

prestes a soltar-se!
Feroz Eu versus Eu,
Vazios e preenchimentos.

O idioma é o mesmo,
O axioma certeiro!
O sentimento é morteiro!

Plano, reto, feto, fetal, fatal!
segue num tango mango
em minha fronte! Atroz!

Laça, marca, pulveriza a nós!
Voz quieta que ensurdece!
Adornam o tripalium…

Caberia todo esse sentir
em infindos tercetos
ínfimos de mim?

Não… O exílio é quieto,
É silencioso e consome,
como alma vã em fome,

De um elixir que construa
toda essa desconstrução,
além das rugas rachadas.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

QUIÁLTERA

QUIÁLTERA

QUIÁLTERA
 
Qual o preço da poesia? Perguntou-me uma Dona em minha porta,
Quanto custa o pão do verso? Surpreso, sorri, mas sem resposta contive-me,
Pois não há gratuidade em perecer… o riso pesou-se em gramas,
 
Eis que: Qual o peso da poesia? Pesa feito grão? Pesa feito grama?
De leve, e algodão só o meu bolso sem cigarro e sem grana…
Senhorinha meus versos são sementes e dou-te um pra ver se vinga,
 
Se não vingar, não se zangue nem vingue-se de mim,
Há que o verso é minha agua, meu ópio, minha pinga!
O fumo que não fede, o álcool que não esteriliza. Ferida perfumada.
 
— Achei que seu tema zafimeiro de plêiade soliloquista
Fosse um furdunço de fundir a cuca!
Esbravejou a Dona em minha porta.
 
— Eia buscar pra plantar em meu Relicário,
Que esse seu poema combina com uns Sonhos em meu armário.
O preço do livro é o livramento, de quem escreve e de quem percebe.
 
— Queria a riqueza das vagas quimeras de meras dores do mar,
Com certa franqueza queria uma fortuna de doutor,
Mas com os pés desrecalcados pelas quiálteras da planície.
 
A Senhora de pele rugosa com riso lúbrico de quem conseguira satisfeita
disse: — Vou-me agora, posto há certas horas que o incerto nos atinge.
Sem entender a narrativa estranha, questionei-lhe: — Quem sois Senhora?
 
— Não sou dessas que finge, por mais que digam de mim, sou senhora e menina,
E por mais que insistam, estou longe do fim, Vim visitar-te poeta que sabeis tu,
Não há linha reta pra mim… Sou curva incerta, que as vezes bate a porta, sou a VIDA.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto original por Du R Maciel – CreativeCommons)
DIZ DESDIZ

DIZ DESDIZ

DIZ DESDIZ

 

DES
armo
DIZ
amo
DIZ
ah!
DES
almo
DES
almejo
DES
cubro
DES
fruto
DEZ
noites
DES
nudas
DES
com
passa
das
DIZ
eres
DES
espera
DES
esperança
DES
cansa
DES
calça
DIZ
dança?

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

(Foto original por Du R Maciel – CreativeCommons)

 

DESVINCULEI-ME

DESVINCULEI-ME

DESVINCULEI-ME

Desvinculei-me da vis pedregosa em mim,
quatro partículas dolorosas de fim,
Enfim, desvesiculei os versículos de morte,
Num quarto, sete pontos e meus quatro cortes.

(Anderson Delano Ribeiro)

SENSO

SENSO

SENSO

 

Sem cura
para vaidades,
Sem culpa,
para as verdades,

Censura
essa Boca?
Secura
à voz rouca!

Sem sua
lisa pele
repele o mal,
sequela formal

Sensualizar…
Ar de Lis
Sua Sem
Vergonha!

Sem pura
enfadonha,
Sepulta
ser Puta!

 

(Anderson Delano Ribeiro)

 

#AlegoriasDeUmaVida

PARA O DIA DELA

PARA O DIA DELA

PARA O DIA DELA
 
 
Hoje tem eclipse, e agora entendo porque lua e sol resolveram dançar,
Porquê hoje é dia dela… Hoje o céu se comove
e não é um dia triste é o dia dela!
 
As estrelas como Mariazinhas de véstias de luz
não entendem a pele de Lua e constelação no riso dela…
Na verdade nem eu entendo, apenas amo essas constelações.
 
É dia dos passarinhos voarem pelos ninhos alheios
e brincar pois sempre haverá ninho para depois descansar…
É dia de ser Deusa e a menina super poderosa preferida
 
É dia dela, dia internacional dela, faço valer nesses versos
e instituo a liberdade das flores, dos jardins todos amores,
apenas para ela o dia mais bonito, a noite mais quente…
 
As curvas do meu caminho, meu ninho, em floreios e flores tatuadas,
O meu templo que só eu sei detrás dos olhos o que se esconde,
e me fascino, teu poeta, teu menino…
 
(Anderson Delano Ribeiro – 21/03/2015)
BOCAQUIUSA

BOCAQUIUSA

BOCAQUIUSA
 
 
Boca, fresta oca,
Que usa o sopro
Em potência e som,
 
Boca, que usa
toda, uma lascívia
fremente em bailar
 
Língua ao céu da boca,
Essa rouca voz brada
indizeres de prazer atol!
 
Boca, que usa boca,
mata sede em sabores vãos,
vai-se boca, pelas pernas
 
dissabores, boca, xinga porra!
Em calores vagam tantas mãos,
Boca, vocaliza, onde pisa sustenida,
 
Língua, entre a boca,
Beija ao som de outra boca,
Essa moça que passeia pelo céu…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
FETAL

FETAL

FETAL

Face a face com o Mal,
que por pouco reflete o real
onírico do que és,
Nada além de si, em si, para si,

Tomar-se frente as desventuras,
de maremotos de loucura…
— Soy yo, delante del espejo de sal!
De uma atroz fatalidade que a idade

permeia de Safo a Parmênides,
Diz-me que entes quão Gorgona íntima?!
Ínfima de infinidade que me diz além-mar!

Das que Dasein espelho meu, Diz-me!
Brada-me quieto e fatal!
De renascimento extremo coroado… Fetal!

(Anderson Delano Ribeiro)

 

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