ERA PRA SER HAIKAI DEU QUARTETO
ERA PRA SER HAIKAI DEU QUARTETO
Eu sei a soma dos versos
e a subtração da dor,
nessa conta nem me perco,
faz de conta o meu acerto.
(Anderson Delano Ribeiro)
EXÍLIO
EXÍLIO
Ainda que tardio,
vim; — Enfrente!
Eu e a mala carmim,
Num pais dentro da pedra,
de um caminho sem saber,
se sou Rio ou a Ilha,
Certeza apenas da quimera,
do além-mar que deixei pra trás
e que por vezes falta faz.
Vim buscar asas, estrelas,
transbordamentos luminosos,
onde em real é reto, plano,
planície sem curvas aos olhos,
ah as curvas, sinuosas ao corpo,
às obras, aos versos, à musa!
A musa é o templo em mim,
de uma saudade flébil
das canções do mar…
Não fosse a musa
o Exílio seria completo!
Sem mim em mim…
Ébrio em vastidão!
Sem janelas para bramar!
Essa cólera encoleirada
prestes a soltar-se!
Feroz Eu versus Eu,
Vazios e preenchimentos.
O idioma é o mesmo,
O axioma certeiro!
O sentimento é morteiro!
Plano, reto, feto, fetal, fatal!
segue num tango mango
em minha fronte! Atroz!
Laça, marca, pulveriza a nós!
Voz quieta que ensurdece!
Adornam o tripalium…
Caberia todo esse sentir
em infindos tercetos
ínfimos de mim?
Não… O exílio é quieto,
É silencioso e consome,
como alma vã em fome,
De um elixir que construa
toda essa desconstrução,
além das rugas rachadas.
(Anderson Delano Ribeiro)
QUIÁLTERA
(Foto original por Du R Maciel – CreativeCommons)
DIZ DESDIZ
DIZ DESDIZ
DES
armo
DIZ
amo
DIZ
ah!
DES
almo
DES
almejo
DES
cubro
DES
fruto
DEZ
noites
DES
nudas
DES
com
passa
das
DIZ
eres
DES
espera
DES
esperança
DES
cansa
DES
calça
DIZ
dança?
(Anderson Delano Ribeiro)
(Foto original por Du R Maciel – CreativeCommons)
DESVINCULEI-ME
DESVINCULEI-ME
Desvinculei-me da vis pedregosa em mim,
quatro partículas dolorosas de fim,
Enfim, desvesiculei os versículos de morte,
Num quarto, sete pontos e meus quatro cortes.
(Anderson Delano Ribeiro)
SENSO
SENSO
Sem cura
para vaidades,
Sem culpa,
para as verdades,
Censura
essa Boca?
Secura
à voz rouca!
Sem sua
lisa pele
repele o mal,
sequela formal
Sensualizar…
Ar de Lis
Sua Sem
Vergonha!
Sem pura
enfadonha,
Sepulta
ser Puta!
(Anderson Delano Ribeiro)
#AlegoriasDeUmaVida
PARA O DIA DELA
BOCAQUIUSA
FETAL
FETAL
Face a face com o Mal,
que por pouco reflete o real
onírico do que és,
Nada além de si, em si, para si,
Tomar-se frente as desventuras,
de maremotos de loucura…
— Soy yo, delante del espejo de sal!
De uma atroz fatalidade que a idade
permeia de Safo a Parmênides,
Diz-me que entes quão Gorgona íntima?!
Ínfima de infinidade que me diz além-mar!
Das que Dasein espelho meu, Diz-me!
Brada-me quieto e fatal!
De renascimento extremo coroado… Fetal!
(Anderson Delano Ribeiro)