EXÍLIO
Ainda que tardio,
vim; — Enfrente!
Eu e a mala carmim,
Num pais dentro da pedra,
de um caminho sem saber,
se sou Rio ou a Ilha,
Certeza apenas da quimera,
do além-mar que deixei pra trás
e que por vezes falta faz.
Vim buscar asas, estrelas,
transbordamentos luminosos,
onde em real é reto, plano,
planície sem curvas aos olhos,
ah as curvas, sinuosas ao corpo,
às obras, aos versos, à musa!
A musa é o templo em mim,
de uma saudade flébil
das canções do mar…
Não fosse a musa
o Exílio seria completo!
Sem mim em mim…
Ébrio em vastidão!
Sem janelas para bramar!
Essa cólera encoleirada
prestes a soltar-se!
Feroz Eu versus Eu,
Vazios e preenchimentos.
O idioma é o mesmo,
O axioma certeiro!
O sentimento é morteiro!
Plano, reto, feto, fetal, fatal!
segue num tango mango
em minha fronte! Atroz!
Laça, marca, pulveriza a nós!
Voz quieta que ensurdece!
Adornam o tripalium…
Caberia todo esse sentir
em infindos tercetos
ínfimos de mim?
Não… O exílio é quieto,
É silencioso e consome,
como alma vã em fome,
De um elixir que construa
toda essa desconstrução,
além das rugas rachadas.
(Anderson Delano Ribeiro)
#AlegoriasDeUmaVida