DESPIDO
DESPIDO
Desejos de paz em meio a dor
Da alma a chuva chora lá fora
Todo o pranto que guardei na mala
A dor que toma o quarto e a sala
Não me cala o poema… Despido
A despedir-se da vida vazia de afetos
Nas curvas do corpo o peito reto…
A sentença da festa do que não será…
Mais um ano, menos um ano…
Sem motivos aparentes pra seguir
Onde está tudo quebrado demais
Pra reconstituir… Encaixote-me
Sonhos, versos, corpo, meninice e dor…
Amanhã do peito há de lembrar
As histórias de um eterno amor.
(Anderson Delano Ribeiro)
MORDAÇA
MORDAÇA
Amor dá sado
Silenciado
Sem poder falar
Sem querer ouvir
Torturado
Do outro lado
Sem querer pensar,
Nem para onde ir?
Sinto-me em sintoma
Sintonia fina
Desconstrói a rima
Amordaçada a boca
Os olhos vendados
Vendidos a normalidade louca.
(Anderson Delano Ribeiro)
SUICÍDIO
SUICÍDIO
Sobrevivente
Sobre mim
Sobre nós
Sobremesa
Sobram tristezas
Sobressalentes
Sobre quem sente
Sobre quem vive
Sobre morrer
Sob o céu esvanecer
Sobre querer
Sobre entender
Sobre viventes
Sob a semente
Sobressair
Sobre ficar
Sobreviver
(Anderson Delano Ribeiro)
HÁ MEU VERSÁRIO
HÁ MEU VERSÁRIO
Habita em mim uma pressa oca
Vazia de sentidos, sem saber onde chegar,
Ventura não fosse o verso
Em meu ser perverso
Já teria chegado ao fim da última linha
Adorno o vazio com flores
Quão poço que posso beber poesia
Nas profundezas de mim… É o fim?
O fim ou recomeço? Reconheço,
De pressão o feijão quase ao dente
A mesa está posta à espera da festa
Se tem broto me resta
A Réstia Lua em céu de serra,
Abraço o corpo intangível
Em véspera de Natal, e a Vésper
Lisa e áspera luzir-me ao meu sinal.
Fina sina finalmente ilumina
O enredo do meu Carnaval.
(Anderson Delano Ribeiro)
NÃO EXISTE CURA
NÃO EXISTE CURA
Não existe cura
para a loucura poética
triste fato…
Não existe cura
para o Amor de alma antiga
a paixão não entra na briga
Não existe cura
Para o sonhador desmedido,
e são eles que fazem a diferença
Não existe cura
para a verdade
independente da crença
Não existe cura
para o que não é doença!
Não existe cura
para o Abraço certo
Isso é bem certo!
Não existe cura
Para o Amor como um todo!
O do mãe, de dois, de três
O de poeta é três vezes três
E quão raro vive intensamente,
Mesmo na mente
De quem não sabe mentir,
Não existe cura
que segura a mão assim,
Que te leva a um jardim
Em meio a cidade do caos,
Amor perdura, não cura
Enlouquece!
(Anderson Delano Ribeiro)
TEMPO DAS FLORES
TEMPO DAS FLORES
Talvez eu pare de correr
Minhas pernas doem!
Afinal para que correr?
Não levo jeito para atletismo
Prefiro caminhar pelo jardim
Begoniar a Beladona
Ao fundo acena açucena!
E da íris na lembrança amarílis
Sorriem para mim!
Estou velho e os riscos do papel
São rascunhos de um cordel
Um Poema Adelfa em gratidão,
Meus floreios de sentir pequena mão,
A tempo do tempo do alecrim.
(Anderson Delano Ribeiro)
PASSARIM
PASSARIM
Passarim, me olha leve e corajoso,
um ninho singelo mas amoroso,
se engana quem acha que é a caixa,
seu ninho é toda a praça.
(Anderson Delano Ribeiro)
AFEIÇÃO
AFEIÇÃO
Porte Afeto…
Se importe,
Longe ou perto,
Se coberto?
Descubra!
Na chuva,
Na Verdade,
Sem vaidade!
Apenas sinta!
Não minta…
Pressinta!
Sem pressionar,
Pronto para Voar.
(Anderson Delano Ribeiro)
FELICIDADE
FELICIDADE
Feliz cidade
de Aço e Flor
de Volta e cor
Redonda mandala
Felicidade
Terraço e voo
Me sopra e vou
feito onda encontrá-la
(Anderson Delano Ribeiro)