TE ESCREVI UM BILHETE

TE ESCREVI UM BILHETE

TE ESCREVI UM BILHETE (LIRA DE ORFEU)
 
 
Te escrevi um bilhete
Das lembranças ramalhete,
Flores serás no jardim
Que levo em mim…
 
É Amor que não desiste…
E ainda triste persiste,
Um Poema inacabado
De saudades desenhado
 
Num caderninho de lembranças
Com laudas brancas de esperança
E cores que esperam o toque teu…
 
Langue na lira de Orfeu confesso:
– Não sou eu que escrevo sobre afetos,
São os afetos que escrevem sobre mim.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SANHAÇO

SANHAÇO

SANHAÇO
 
 
Chega noite e o tema é a distância do teu olhar,
Hoje vi teus olhos raiando poemas solares,
Sou teu segrel segredado nos teus raios olhares,
Meus versos têm sido diários, diários de bordo…
 
E navego, entre o sonho e a insônia, só acordo
Nos acordes do teu perfume… Aprendi a escutar teu cheiro!
E a sentir tua voz como a pulsão das minhas asas por inteiro!
Verdadeiro amor de um Pierrot qualquer…
 
Sabes que meus cantos sopram ao sul do Rio?
Sabes que entre os vales de aço e montanhas
Caminho a semear estes poemas em delírio?
Devaneios em teu Seio Flor, sou o néctar da tua sanha.
 
– Não é à toa, avoa! Avoa em mim ‘Passarim’ azul Sanhá!
 
(Anderson Delano Ribeiro)
ALÍSIOS RASTOS

ALÍSIOS RASTOS

ALÍSIOS RASTOS
 
 
O que é isso menina?
Do siso esta sina,
De serpe um tanto
Sedenta ao tango…
 
Eu sigo os rastos…
 
Um casto sopro ao corpo,
Eia o tamis que te cobre,
Seiva fina que me prostra
Eiva-me o pejo…
Oh desejo! Oh desejo!
 
Há vergéis mais belos?
Sem elos de Oberon!
De liras delirantes
E mandoras ferinas;
– Vassalo de menina…
 
Tácita canoridade
À maestria dos gestos,
Alísios fluem dos lábios,
Hábeis, babujantes a bailar
O beijar extremo…
 
A colar das mãos, eu remo!
Enlaçar de pernas, te alar,
Transpassar línguas, mádidos
Sabores à restinga, por retos
E curvos caminhos da idade.
 
Só sigo os rastos…
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2006)
CHAPÉU ANTIGO

CHAPÉU ANTIGO

CHAPÉU ANTIGO
 
 
Olha essa flor no chapéu
Antigo, resiste essa flor
Como um velho amigo,
Sentindo o cheiro de esquecimento,
O perfume no criado mudo,
Tem sabor de luto;
(Que refuto toda vida!)
 
Olha essa flor que adornou
Senhoras e senhoritas,
O tempo passou e deixou térmitas,
Digerindo as várias
Belezas sumptuárias…
No baú, primam ao léu
Lembranças de alguém;
Tesouro às crianças que vem,
Acolhendo a flor, no soslaio chapéu.
 
(Anderson Delano Ribeiro – 2005)
XAMATA

XAMATA

XAMATA
 
Noite, vislumbro-me só, e tu surges;
Sinto-te como o aroma das vândeas,
Vens e cobre-me os sonhos contidos,
Xamata mística que pungi minh’alma.
 
Piérides de outras vidas que vivi,
És todas numa só chama tênue chama,
Tua tez é porcelana, negras lágrimas pierret,
Teus olhos primam a pira dos segredos.
 
Mas é pura ilusão, fruto da imaginação,
Assim espero assim eu quero.
Zéfiro noturno que bate em minha face,
Vanesce-me como o teu hálito em meus lábios.
 
Minhas mãos são puro langor.
Tocando-te o pomo alvo e proibido,
Não restará nada de mim depois desta noite,
Por isso Walquíria da noite, resgata-me!
 
Acalenta-me a alma em teu colo,
Mostra-me a estirada das estrelas,
Tira-me das tortuosas brumas,
Deixa-me desbravar as misteriosas lunas;
 
Lunas castanhas que fenecem a luna pálida.
Pois será sonho? Ilusão de meu ermo coração!
Então voa xamata que turva-me o siso!
És amavio, brisa de uma noite atroz.
 
Tentação de outras almas que te amaram,
Ardor dos meus olhos que te vêem,
Alvor que chega em frente ao mar,
Apaziguando o pranto por te amar.
 
(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2005)
 
* Xamata: tecido fino de algodão e fios de ouro, usado de manto em alguns lugares do oriente.
RE-CICLO

RE-CICLO

RE-CICLO (Sobre longas cartas ao mar)
 
 
E cada letra era gota,
E cada gota uma carta transborda
E cada carta um amor se recorda
E cada recorte um pedido
E cada pedido um ferido
E cada ferido um silêncio
E cada silêncio, uma gota.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
NA TARDE

NA TARDE

NA TARDE
 
Na tarde, o teu nome invade
A curva da cova risonha me arde,
Tem saudade nos ipês da cidade,
As cores ao chão num tapete como o teu,
Longe encenas a normalidade…
Indo eu, nômade em necessidade
Alcançar-lhe além-mar a insanidade perdida.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SIGNIFICÂNCIAS

SIGNIFICÂNCIAS

SIGNIFICÂNCIAS
 
 
Eu gosto da noite,
porque as significâncias
tem mais valia no silêncio…
 
(Anderson Delano Ribeiro)

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