DOCE DE LEITE
DOCE DE LEITE
E passadas as estações
E o frio tempo das desimportâncias,
Como criança via sua flor
Castanhar a tarde no céu.
Pensava que a poesia sem serventia
Não era mais tema dos teus dias…
Ainda assim, olhava de longe sem ver,
Como quem olha a lua do meio do mato
As cores deixam sua marca em mim
O doce preferido, as frutas da feira,
Cuidado de jardineiro, que zela teu sono,
Que sonha com ela,
e ela sonha meu cantar,
Devanear que o mundo inteiro é ela!
E eu metade, sou só saudades…
(Anderson Delano Ribeiro)
TÁGIDE
TÁGIDE
Os lábios entoam os zéfiros idílicos,
Como a canção ruflosa dos ermos passados,
Um beijo afável, a máxima prestante!
Que em mim, lumia a escuridão…
Parco em delírios pérfidos,
Cuja as vozes pervias
Sussurram meus desejos,
Em que a sibila que vejo
Profetiza este beijo,
Prostrando minh’alma
Na calma do Tejo,
Afagando-me a palma,
Afogando-me em resto,
Enrubescendo-lhe o rosto,
Enlaguescendo-me o gosto;
Lúgubre sonho de Hefesto…
Eia Tágide embevecida
Sendo fonte fenecida…
Sedenta, Salaz, intumescida!
Pungente, ao corpo olente…
O púbis arado marejante,
Dentre aragem débil,
Rente a paisagem febril,
Frenesi gotejante…
Vai-se oh Yara sem pejo!
Doce amavio do Tejo,
Salácia nas liras em que adejas,
Acácia à pelve lisa que beijas.
Entoam os zéfiros idílicos, os lábios!
Ruflosa canção ofegante,
Um beijo arfável, a máxima d’instante,
Que em nós, rutila toda a paixão!
(Anderson Delano Ribeiro – 10/08/2005)
*Tágide: Ninfa do Tejo idealizada por Camões
(Foto por Tommy Ellis – CreativeCommons)
DE RESTO À RÉSTIA
DE RESTO À RÉSTIA
Não há arrependimento onde há amor
Não é fardo algum irrigar a flor
Quiçá a vaidade vislumbrar o campo
Desdenhar o canto que já se acabou
Não há semente que não brote
Não há choro que não conforte
Onde eterno for o amor
Não há distância que não cruze
Não há olhos senão luzes
Na semente que restou…
(Anderson Delano Ribeiro)
HAIKAI ESTRELAR
HAIKAI ESTRELAR
Queria que fosse possível
Poliamar estrelinhas
E desenhar trisais no céu…
(Anderson Delano Ribeiro)
LUTA
LUTA
E lutou tanto que um dia a dor venceu
E a luta virou luto na alma que adoeceu
Anderson Delano Ribeiro
SONETO DA VOLTA
SONETO DA VOLTA
Pelo a pelo,
Pelo apelo do seio,
A saudade é parte
Da arte do anseio
As constelações
Sinais do corpo,
Constatações do todo!
Ao Sul do Rio porto
A boca que guia ao surto!
Perfume absurdo
Das dunas curvas,
O gozo volta e turva,
Esfumaça a janela!
E volta ressoa: Perdoa, é Ela!
(Anderson Delano Ribeiro)
FOTOPOEMA N°3
FOTOPOEMA N°3
Entregou seu Amor
Feito Flor…
Mas era só uma Flor.
(Anderson Delano Ribeiro)
Fotopoemas são feitos em cima de fotos tiradas por mim no cotidiano.
FOTOPOEMA N°2
FOTOPOEMA N°2
E no peito da flor
Havia um coração
Amarelo verão.
(Anderson Delano Ribeiro)
Fotopoemas são feitos em cima de fotos tiradas por mim no cotidiano.
FOTOPOEMA N°1
FOTOPOEMA N°1
E dentro da grade Coração
Havia uma única flor que restou do jardim…
Solitária, triste e esperançosa.
(Anderson Delano Ribeiro)
Fotopoemas são feitos em cima de fotos tiradas por mim no cotidiano.