VIDA

VIDA

VIDA

 

Que seja um verso,
poemar fundo e rimar contra o tempo,
cada segundo é solilóquio,
cada esquina um soneto,

Cada agrura um terremoto,
Cada nota denota o medo,
Que seja inverso
reverso nosso frio na barriga,

O sorriso da conquista
de nascer caudalosa estrela
cadente, cadenciados somos

Ritmo, som, fluidos, ruídos,
corridos, vividos, sentidos!
Eleitos para nossa elegia.

(Anderson Delano Ribeiro)

 

LIBRIANA

LIBRIANA

LIBRIANA

Caiu… Caiu a ficha de uma ligação descreditada,
Caiu o verso como cai uma enxurrada!
Em um banho madrigal, em soneto e solilóquios soluçados,

Caiu! Aqui caiu uma tristeza como cai a aurora em duas horas,
e tanta inspiração tem motivo, nome de A a Z e foi-se ralo a fora,
Porque em um mundo azul de alegrias, mascaras e alegorias,
eis que surge como a fé que me faz ver-te limpa nesta noite,

Não mais as alvuras sibilosas em papel que rabisquei, era carne,
era santa, era mulher que desejei! Santificada pelos riscos da Arte!
Segregada pelas leis da física, mas lá estava, estrela quieta arde

Soube que Deus te fez de um sonho meu, e até me deu o céu desses olhos
no inferno escuro de Dante! Relutante idiota agi como menino encantado
pelo presente que o passado me trouxe… Ah como pude? Como pude?!!!

Não foi tolo, não! Foi rude! Ganhar-te aos meus olhos sem vidro ou touch screen!
Era ela! Ali saiu, com a poesia divina que só um Pai faz para um filho e ri
dos tropeços do Pierrot, Ah, então acabou?

Silênciou em zumbido, pós um show de rock n roll… E o presente não era a trilha,
era o caminho dos passos dela… Assim partiu a tristeza dela com um arlequim que passeava,
E o picadeiro rachou em sentido ao meu vazio… Era tardio, era noturno, era fome do vazio.

Sonhos encaixotados pela insônia, tácito Thanatos guardou aos mortais…
Nix sussurrou-me uma canção com aroma e pude sentir o beijo que rabisquei em papel maçã,
Ah, Ar febril sim! Flébil balança em equilíbrio, e quiçá ela volte em meus ascendentes criminais

Para Librianar-te em mim…

(Anderson Delano Ribeiro)

TALHERES NOVOS

TALHERES NOVOS

TALHERES NOVOS
 
 
Comprei talheres novos,
para um banquete de vento e ar,
não que me falte alimento a mesa
ou mesa para alimento,
mas todo feno deixei pra trás…
 
Comprei taças de vidro,
para brindar salve a Rainha!
Que me acolhe em seu jardim,
para empoemar suas três pontes…
 
Escolhi teus Horizontes
de Vitória em seu reino mar,
pois do Rio criança fui,
até o exílio de uma terra do
nunca acaba, nunca inicia…
 
E hoje no banquete onde recebo a mim mesmo,
como ilustre presença, tomo sonhos e desejos,
néctar da musa que escolhi para amar…
Devaneada em vestias de sal,
trouxe um riso perfumado, hálito de fruto e caos,
 
Alma pra ti, Psique para mim…
Assim com talheres novos,
saboreei de uma vida que eu tinha mas não detinha…
Era o tempo de transbordar as esferas da rima.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
CIANO CÉU

CIANO CÉU

CIANO CÉU
 
Era uma vez um Menino Azul,
Não era Bordô nem Magenta,
Era Ciano e infeliz…
 
O Menino Azul queria
Ser de Escarlate cor,
Pois neste não cabe
 
Azul em fruto ou flor,
E resolveu curar o mundo
Do feliz Ciano céu!
 
Talvez se bebesse Amarelo
Sol, o Rubro entoasse o Cielo?
Mas não, Rosicler entardecido
 
Não é seu objetivo!
O Menino Azul quer ser Vermelho
E ponto final!
 
Era doença afinal?
Dizia o espelho,
E por certo o Menino encena:
 
— Sou Azul mas tomo Ocre para pernas.
E agora é lei! Índigo mais,
Nem Freud explica o recalque tom,
 
O Conselho das Cores
Deve agora Aquarelar-nos
Em aromas artificiais se preciso!
 
O Conselho revoltou-se em nós,
Em novelos reunidos
Contra o Menino Azul!
 
Mas a briga durou anos…
E a noite Negra bateu-lhe a porta,
Quando já desbotava a idade.
 
Na verdade era pura vaidade,
O menino gostava de Vermelho
Mesmo sendo Azul,
 
E tinto mentia em Coral…
Em tons quentes e veementes!
Embranqueceu tantas mentes;
 
E quase Alvo no céu Ciano,
Partindo com o vento sul,
Nunca fora Vermelho piano,
O infeliz Menino Azul…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
ZÉ POBRE, ZÉ RICO

ZÉ POBRE, ZÉ RICO

ZÉ POBRE, ZÉ RICO
 
José perdeu-se em tantos desejos de Ter,
A TV mais cara, o carro do ano,
a cortina da sala, o nariz do Fasano,
 
Preenchida a casa, vazia a conta,
Num faz de conta que conta esse conto,
José esqueceu-se de Ser…
 
Trafegava de Porsche e pochete,
humilhava a pobre empreguete,
Não era José um qualquer…
 
Pobre José… Rico não é!
– Quanto custa esse troço de Ser?
José já queria saber…
 
Não se compra quão metro de pano,
O Ser íntegro, o Ser solícito,
O Ser Verdadeiro, O Ser Humano…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
A ILHA QUE SOMOS

A ILHA QUE SOMOS

A ILHA QUE SOMOS
 
Psicologia não é magia,
é um farol na imensidão
num oceano de sensações,
que te leva as margens
de um novo horizonte…
A ilha que somos.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
SONETO DAS POLARIDADES

SONETO DAS POLARIDADES

SONETO DAS POLARIDADES
 
Destrato
Trato
Desmato
Mato
 
Desfaço
Laço
Descalço
Alço
 
Desloco
Louco
Por pouco
 
Desmereço
Eu Mereço
Desfaleço
 
(Anderson Delano Ribeiro)
JUS SANGUINIS

JUS SANGUINIS

JUS SANGUINIS
 
– Serias tu, vivaz suficiente
Para viver eternamente?…
 
Vivo os dissabores da vida,
Nas tênues noites frias;
Lôbrego, na ânsia de um sonho,
No firmar da lua, pobre Eva cativa.
 
Ah, lúgubre noite bela!
Faz-me pensar em tudo que vivi de perverso,
Na amada que levou consigo minh’alma,
Num pedido negado, morte! Em Police Verso.
 
Verso, versos que tem me atormentado…
“– Ah meu amado, por que estás tão calado?
…breve hei de partir… Oh por favor, mate-me!
Mate-me para que eu possa viver em ti!…”
 
Ah, se minhas lágrimas virassem chuva…
Não haveria mais sol!
E o mundo seria um oceano negro.
Vejam, meu sangue não é nenhum néctar de uvas.
 
Meu sangue é chama!
Fogo que inflama,
Lungentes raízes em meu peito,
Possuindo, todo o meu leito.
 
E a cólera pira em meus olhos;
Eu nunca fui nem serei amado…
Bem o profeta já havia ditado:
“– O poeta, anjo da dor, respira a chama do amor…
 
Ele ama a Vida assim como a Morte,
Ama o belo, o alegre e o triste;
E tanto amor nele existe,
Tanto para os fracos como para os fortes;
 
Que pobre, nada lhe é devotado,
Nem a esperança de ser lembrado…”
O poeta é brisa fina da manhã,
Agonizante orvalho da manhã.
 
Mas o que é poesia?
Será que há poesia?
Ou apenas fantasia;
Utópica junção de palavras.
 
O que existe lá fora?
O que te rodeia agora?
Será que existe um algo a mais no mundo?
Seria um devaneio? Ou um olhar profundo?
 
Minhas perguntas teriam respostas?
Só se vê o que desejamos ver;
O que queremos crer.
A poesia só existe para quem a deseja.
 
Eu, desejo a liberdade!
O direito de amar na vida,
E não me afogar no lodo das vaidades…
Cantar, gritar, e um dia descansar.
 
De mim foi roubado este direito!
Eu sou o príncipe da noite de lua,
O pierrot que chora sobre o amor perfeito,
E agoniza um sorriso sobre a pele crua.
 
Viver é mais que existir!
Eu apenas existo…
Insignificante persisto,
Como uma velha árvore sem fruto.
 
Infinitamente de luto…
Proliferando nas sementes vazias,
A vagar nos zéfiros sem rumo,
Caçando o santo humus…
 
Preso às correntes dos ventos,
No ciclo eterno dos tempos;
Morrendo, vivendo e renascendo,
Num frio jogo que só eu sei…
 
Meu sangue alimenta os anjos,
Meu corpo é o santuário da dor;
Eu só queria vislumbrar por uma vez a cor,
Dos seios da liberdade! E tocar,
 
A face da insana felicidade.
 
(Anderson Delano Ribeiro)
O PALHAÇO

O PALHAÇO

O PALHAÇO
 
Palha no cabelo, nariz vermelho e aço no coração!
Maquia o riso em um pranto distorção, Imagina então!
Tantos mundos profundos riscados na face desse cidadão.
 
(Anderson Delano Ribeiro)

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