DEPOIS DO VERSO
DEPOIS DO VERSO
Depois do verso
o perverso me vem,
O que vem depois?
De um deposito de mim,
Assim, inda cru no mundo,
O que vem depois
do feijão com arroz
e do caldo profundo?
Depois do verso, ergo, envergo,
de uma dor moral despido do fim,
Ai de mim! Que meus restos
imorais fecundem-se em ti…
Ai de mim! Que regozijo
de um sopro, de um gozo,
falado, centrado, tépido e algoz
de ferocidade sutil e exausta…
Mas o que vem depois?
(Anderson Delano Ribeiro)
VIOLENTA
VIOLENTA
Violeta…
brota serena,
Inda pequena
migra ao mercado,
Pobre seu fado,
Chamam-na flor,
Que azar, dissabor?
Em tanto caos
na tv e no jornal,
Violam a letra,
que dó violeta!
Essa dor violenta…
Até nas pétalas me agride…
(Anderson Delano Ribeiro)
PS: Esses versos foram inspirados a princípio por essa foto. Mas por quê essa foto só no final? Se você ler o poema com a primeira imagem em mente e depois reler com a segunda imagem, lerá o mesmo poema, de uma forma diferente.

MAR E AR
MAR E AR
Quero marejar,
Mãe, pega coco faz manjar,
quero mar, luz do luar,
desgrenhar ao vento sul,
Quero tanto azul!
De carmim, só os lábios dela,
indigno do índigo dos cachos
que me calam e fazem cantar!
Ah morena, quero ondejar!
Onde? Sei lá!
Quero capítulos intermináveis
De eternas efemeridades…
(Anderson Delano Ribeiro)
AH
AH…
Enquanto houver em mim a capacidade
de me decepcionar com as pequenezas
dos gestos…
Saberei que ainda há,
uma sentimentalidade em quietude…
Que não chega a ser pranto,
mas apenas um sentir…
Um sentir-se no escuro,
(mas imenso e submerso em mim)
que me tenho, e detenho meu fado…
Por mais foda que seja… Seguir.
(Anderson Delano Ribeiro)
CARGA
CARGA
Pensou ser fome,
comeu,
Pensou ser frio,
cobriu,
pensou ser sede,
bebeu,
pensou ser seca,
regou,
pensou ser mente,
colheu,
pensou ser triste,
rogou,
pensou se existe,
sorriu,
pensou ser forte,
chorou.
(Anderson Delano Ribeiro)
IMENSIDÃO NOTURNA
IMENSIDÃO NOTURNA
Mística fada, anjo talvez?
Deixa-me tocar-te tua tez;
E sonhar os teus sonhos,linda,
Tão linda que tem a tua sina…
Nesta noite lôbrega e obscura,
Trouxe-me Deus um ser luzente,
Menina, napéia dos vales desnuda,
Cura, este teu pierrot fremente.
Dá-me teus mádidos lábios a beber.
A Primeira estrofe do canto do profeta;
Prima o sonho ser de um poeta,
Que nos zéfiros colhe teu hálito em verve.
És a Vésper do segrel andante
Vinde a mim princesa dos mares,
Pois nos ares de lis,
Do graal dos amantes bebi…
Nas sépalas embriaguei-me, e sofri,
Com a beleza do teu dorso de ave,
Das aves és a mais bela ao céu,
dos meus sonhos, fez-se a senhora do véu.
Que tormenta turva-me os olhos,
Arrebata-me o siso, faz despencar
Meu corpo ao chão, pois desperto…
Perdendo-te nas brumas do alvorecer.
Mas te sinto, inda por perto,
Teus olhos a espreita dominam meu querer;
Pois tu deténs o ópio da vida na boca,
E o néctar da vis nos pomos róseos;
Frutos de carne doce, que colho e acolho,
Rosiclers como a aurora louca;
No encontro da luz com a imensidão,
Duas almas oceânicas finalizam a solidão.
As ondas em teu seio encontram um lar,
Morada tua, minh’alma nua luz,
Tua alva luz em flor,
A paz imensa em ti, doce canção de amor.
(Anderson Delano Ribeiro – Meados de 2004)
ZÉJEL N°04 (CÂNTICO DE SETEMBRO)
ZÉJEL N°04 (CÂNTICO DE SETEMBRO)
No ar de Setembro os ventos frios,
Seus cantos, sussurros mui sombrios,
E a chuva, deságua os sonhos nos rios;
Quando a vida com o vento e por mim passares,
Efêmera, trazendo a dor de novos ares,
E a lua e eu, não trocarmos mais nossos olhares,
E chorarmos! As estrelas que se entregam aos mares;
Poderá ser apenas mais uma tormenta forte?
Ou então o rasgar de mais um profundo corte?!
Profana vida de um coração sem sorte…
Que nos negros céus reluz como um Lord,
E aguarda fiel sua valsa com a musa… Morte!
(Anderson Delano Ribeiro)
CACHOS
CACHOS
Perdeu-se em seus cachos…
Dentre tantos achos,
perdeu-se além,
tão aquém de si,
não mais soube voltar,
aliás, para onde voltar?
(Anderson Delano Ribeiro)
(Foto por David Levine – CreativeCommons)
SONHOS
SONHOS
Dormi homem,
sonhei pássaro,
acordei menino.
(Anderson Delano Ribeiro)










