DELÍCIAS ÍNFIMAS
Eis o Anjo lascivo
de ínfimo corpo…
desnuda segredada
no silêncio do corvo.
na sádica valsa
dos mortos,
em que vives e alça
o delírio dos corpos!
Quão a serpe que se rosca
n’outra serpe posta
e nua… Ou nuas? Neste templo
em que mádido é o tempo,
e o tormento deste dorso
que te cobre e o gozo
infindo da Lasciva Divina,
sente os lábios dela, sente?
Prova deles o orvalho doce
que exalas de alva pelve
e estremecida a malva pele
ressurge em verve louça
fina que se quebra
ao toque febril
e insano enerva…
A Morte tão vil;
mas seriam Anjos
numa salácia mortal?
e eu sepultado ouço
a sinfonia da luxúria,
estremecidas em ancas
cruzadas, minha tortura!
os lábios dela aos lábios
úmidos d’outra rósea flor…
beije-os, prove-os, o néctar
que orvalha d’outros lábios
Ínfimos , íntimos… Por favor!
Cruzem as rosas!
(Ante minha Cruz…)
Ferem-se em espinhos
das mãos de sangue e mel,
Às possuo , penetrando
em desejos e olhares
contraindo-as, sem Ares
num toste a Dionísio ,
As sépalas intumescidas
saboreadas por mim….
Nas línguas delas,
os seios gélidos
ressoam o pulsar meu,
A Vida efêmera nelas!
(e em mim), Inflamadas,
lisas , meu suspiro
arrepiam-lhes todas
desnudas, em si amarradas,
adornam o templo meu,
de Flores, Vida e Mel…
e eu as cubro de Noite
e as estrelas se desfazem
Quão gotas de Delícias Divinas…
(Anderson Delano Ribeiro – 2007)
#LaudasAlaudadas