TIRESIA

Nego-me a crer em tamanha beleza,
Que vem de ermos desconhecidos,
Um anjo? Um pássaro perdido?
Do relicário secreto de Zeus – A riqueza!

Que chega empírica e sagrada – Jamais segregada!
A deusa, musa onírica, és intocável
A mim nesta estirada, em que passas,
Descante em minhas laudas,

Alaudadas em tuas dunas de epiderme,
Caminhos que almejo,
Dentre adornos, um desejo!
Urge o seio por um beijo,

Um doce fruto, santo colo alvo que turva,
Feito brumas de inverno, teu templo jardim
De violetas enrubescidas…
Violam-se as jazidas do sentir,

Com teu sopro risonho,
Brisa louca em minha tez,
Elevando-me a tua morada,
Descompassando o templo cardíaco,

Semente da alvorada, regendo mais um dia
Com a maestria que tens de ser o que és!
A rosa dos ventos, dos frutos, dos lutos, dos tempos,
A rosa da cor e do caos!

Orgulhosa estrela mulher,
com dom de sol e lua,
És a face do intangível!
– Para os cegos que enxergam,

De se ser o que se é!
És tu, a etérea rosa perpétua.

(Anderson Delano Ribeiro – 2005 edit. 2023)

 

(Foto de Luna Joie no Pexels)