LILYTH

Flui dos sonhos, ó ninfa em súcubo;
Na noite já tardia,
Das brumas te descubro;
Toca-me a tez em fantasia,

Mística, doce, em vão orgia;
Na ara flébil sinto teu dorso,
Danças leve em poesia,
Rosa Sacra, eflúvio em gozo.

Rasga-me o peito com um espinho,
Meu sangue faz-se o acre vinho;
Tantálicos, edênicos, efêmeros,
Como os álacres sonhos de Eros.

Musa minha de onire atroz,
Voltas a tua realidade,
Tênue, sutilmente, em nós
Restará a poética insanidade…

E d’instante eu desperto,
Dentre os templos de alabastros
E turíbulos de morfina. Onde estou?!
Ouço apenas o vento flébil cantar-me então…

Sussurros vãos que vem e vão,
Misticidade medonha,
Vesânia de quem sonha;
Cantas teu nome: Lilyth!

— Diz a mim tua confissão…

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Sadoc Ixtlahuaca no Pexels)