TRÊS MARIAS
 
Fora a flor de múltiplas sépalas,
Perdi-me dentre múltiplas formas
De um amor liberto e libertário…
 
De inicio, éramos como um duo,
Eu um solista só em dó maior,
vestido em canção, te despi em tercetos,
 
Polifonia dos pássaros, paira sem parar,
Desnuda a palavra de uma poesia silenciada
Que só tu sabes, e só eu sei quão idioma dos teus olhos
 
Ela tem domínio de Serpe que seduz a aurora,
Tem candura de ser passarinho,
Onde sou ninho, não há distância que renegue, sou Rio.
 
E sorrio frente a tépida Sibila de castanhos entardecidos,
É a hora do minuto eterno,
aportar do sonho ao céu da boca,
 
Rente a cova curvilínea,
alcova da saudade,
mata sede três Marias…
 
(Anderson Delano Ribeiro)
 
 
(Foto de Omar Alnahi no Pexels)