ELEGIA DOS 35 ANOS
 
 
Eram melhores amigos, uma sintonia absurda e uma intimidade absoluta, uma loucura que quebrou distâncias, diriam os céticos que seria impossível, mas a vida é um livro sendo escrito, dentre idas e vindas, acreditava no amor, e na diferença de que a sensibilidade de ambos faria ser eterno, uma sensação de um saber ler olhos como que se conhecessem desde o pré-útero, se é que existe esse lugar, Bauman sempre alertava como aquele amigo chato que a líquida forma de contato, o texto, poderia liquidar os laços de palavras tão bonitas Intimidade e cumplicidade, alicerces do Amor.
 
Mas ainda que fosse reincidente, acreditava, “dessa vez será diferente” a psicologia sempre lhe foi característica, para acreditar no ser humano, e ela também tinha dom da Psique, senão eu seu Eros apaixonado, ainda que já não fosse mais um menino, mas um homem para tamanhos devaneios, porém, o amor nos traz uma vitalidade que nos renova o peso da idade, e sim quão menino, ignorou os conselhos de amigos, Bauman e outros… Era poeta!
 
Fez e desfez planos devido a instabilidade do solo para plantar sua rosa, parecia não se importar, a presença mágica que pra ele tanto significou, a ponto de serem feriados íntimos, talvez tenham sido vistos como loucura pelo mundo e pela própria rosa flor, no total foram 3 jardins onde quão João de Barro fez feliz um ninho afetuoso pelos campos planos de uma vida inteira…
 
– O Natal chegou, sentia uma certa inquietação de que seria diferente, um primeiro Natal contente desde a partida da minha vó, tantos anos atrás, um Presente Presença! Construção de sonho e cor, moldados a realidade do seu Amor, tinha bilhete comprado e perfume de sonho realizado, o bebê já visitava seus sonhos e os sabores anti alérgicos e sem agrotóxicos eram surreais, mas acreditem, eram reais ao poeta mago de transformar os sonhos dela na realidade mais bonita, e acredita que nem ela acreditou? A data chegou e o peso pesou, o poeta sentiu, o peso caiu e a coluna arqueou… Perdia novamente o eterno grande Amor de outras vidas pra outras pessoas cuja trajetória, colheu não as frutas do seu jardim… Mas o jardim inteiro.
 
Não, não existem culpados! Nem eu, nem ela ou o mascarado, o Natal foi pior ou igual e o ano congelou-se em dezembro eterno… Quem diria que o solicito mascarado que ela levaria para buscar a passagem para o terceiro paraíso que a esperava, iria com mentiras que lhe são características turvar castanhos sóis, a sós em saudades…
 
Cedo ou tarde, fitei em dizer que o eterno tem poder e que ela iria voltar, enquanto caminhava em direção ao sul, mas eram longes os caminhos, demorei cerca de 8 meses para chegar a terra prometida, e novamente o poeta reduziu as horas com o afeto e a verdade que o mundo não entende… Agosto tem gosto estranho, um perfume reticente de um ano atrás. Mas quem diria setembrou-se em primavera, e em meio a tantas agruras mascaradas que enfrentaram no caminho ao novo Ninho, ele não desistiu, quão João de Barro e Manoel de Barros levava casa e poema, por mais triste fosse o tema via com beleza o riso da flor, os passarinhos de toda cor e sonho que ela sonhou que o pé no chão apagou, afinal onde fui loucura, o mascarado foi a síntese mentirosa de que um sonho era loucura demais pra ser sonhado… Provei que era o contrário, mas cheguei tarde, a tempo apenas do sol se pôr em cores jamais vistas por ela num paraíso que me chamou um dia de Amorr.
 
(Anderson Delano Ribeiro)