NÃO ME ORGULHO

 

Não me orgulho de ser diferente, ainda crer em gente. De pensar que afeto é melhor que grosseria, de ver como magia a lua colher estrelas!

Não me orgulho por mesmo certo despir o orgulho e pedir perdão, é que presença doce amarga a questão. E toda boa história tem continuação…

Não me orgulho de nutrir sonhos em meu peito, pois no mundo perfeito descartavel é lei. Descartando a nós mesmos, por um troco de tempo.

Não me orgulho de fazer rir e chorar, de mostrar que é possível viver, rabiscar o sonhar, e plantar no jardim sementes de borboleta e cor…

Não, não me orgulho de eterniza-la no éter poético das estrelas, fazer canção sem sequer ve-la, e com o dedo cavar tua face num riso…

Não me orgulho por ser sincero demais, mas sim, durmo em paz por mostrar teu reflexo, mas que nexo há no dom do encantamento?

Não me orgulho de como o cravo, me engrandecer com um bom dia de sol, e em troca dar-te pétalas em versos, ou asas rimadas.

Não me orgulho de partir sem porquês, de sentir sem toques, de saber que amanhã caberá toda história num singelo foi bom…

Não me orgulho de cantar sem perder o tom, mas quebrar toda rima, e dizer-te: Menina que imagina escolhas, arranca as folhas da flor que te dei?

Eis que voam pra longe, para onde? Não sei… Mas devolvo-te em saudade, candura verdade, perfume de versos que outrora deixei…

 

(Anderson Delano Ribeiro)