CÁLIX

Alar-te-ei, Dríade das manhãs!
Quão jacente dentre os véus,
Desnudando segredos,
Evocando aos céus…
Segregados no passado,
Degustados como medo,
Despe os sonhos dos culpados,
Entornando seus desejos.

Ó doce estrela de sal,
Mádidos lábios de vinho,
Gotejam aos seios serenos,
Altivos tampouco pequenos;
Mágica dos olhos teus,
Perfuram os linhos
das véstias de Zeus,
Perdura-se as ninfas
das videiras empíricas…

Rainha das Hidras,
Jasmim dentre as hídrias,
São teus olhos, meu destino,
Retornando o Eu-menino,
Dos cristais constelados,
Refletindo o sol da alma…
Logrando o sonho, acalma;

Lisa pele curvilínea,
Açucena entorpecida,
Sépalas adocicadas,
Adornam suas costelas consteladas,
Alada Dríade das manhãs,
Em teu colo prostrarei,
Com um toste dentre os cálices,
Vãos prazeres brindarei.

(Anderson Delano Ribeiro – 2005)

 

(Foto de Ron Lach no Pexels)