SE ELA UM DIA DESPENCAR DOS CÉUS

 

Se ela um dia despencar dos céus,
que caia serenamente,
e que sua pele alva possa vestir
meus versos emplumados,

para fazê-la voar mais alto!
Que caiam em meus lábios,
gotas doces de uma poética
misteriosa do seu silêncio,

de um riso de eternidade…

Se ela um dia despencar dos céus,
peço que venha lasciva no olhar…
que traga no tépido riso de menina,
A virtude das mulheres deusas

Em seus olhos grandes, de pássaro
faminto… Que paire em meus dedos,
a colher sépalas róseas flamejantes
de espáduas retorcidas, contorcidas,

E de instante! Em face languida,
me perca, em toda paz e caos contidos;
Ébrio, em uma pira de devaneios…
Despertar… Despencar…

Da boca ao céu! Acordar…

 

(Anderson Delano Ribeiro)