CIANO CÉU
Era uma vez um Menino Azul,
Não era Bordô nem Magenta,
Era Ciano e infeliz…
O Menino Azul queria
Ser de Escarlate cor,
Pois neste não cabe
Azul em fruto ou flor,
E resolveu curar o mundo
Do feliz Ciano céu!
Talvez se bebesse Amarelo
Sol, o Rubro entoasse o Cielo?
Mas não, Rosicler entardecido
Não é seu objetivo!
O Menino Azul quer ser Vermelho
E ponto final!
Era doença afinal?
Dizia o espelho,
E por certo o Menino encena:
— Sou Azul mas tomo Ocre para pernas.
E agora é lei! Índigo mais,
Nem Freud explica o recalque tom,
O Conselho das Cores
Deve agora Aquarelar-nos
Em aromas artificiais se preciso!
O Conselho revoltou-se em nós,
Em novelos reunidos
Contra o Menino Azul!
Mas a briga durou anos…
E a noite Negra bateu-lhe a porta,
Quando já desbotava a idade.
Na verdade era pura vaidade,
O menino gostava de Vermelho
Mesmo sendo Azul,
E tinto mentia em Coral…
Em tons quentes e veementes!
Embranqueceu tantas mentes;
E quase Alvo no céu Ciano,
Partindo com o vento sul,
Nunca fora Vermelho piano,
O infeliz Menino Azul…
(Anderson Delano Ribeiro)