ELEGIA DOS 30 ANOS

 

“A poesia esta nos olhos de quem vê.

E voam as notas musicais, canção pra te dar bom dia.”

 

Não, eu não te peço perdão por te amar de repente!

Embora, cante Vinicius, e eu a dor que em gotas sente,

deixei os sabores e aromas no ultimo beijo teu…

Permiti, que a aurora só começasse em cada bom dia.

Pois sabia que logo surgia, a alegria em nós pelo sol e poesia.

Eis que jardins poéticos e casas rabiscadas num papel,

quão duas crianças com lápis e borracha tem o céu,

brincam, riem e eternizam borboletas coloridas

saborosas quão mordidas…

Em cantinhos escondidos para que todos possam ver.

 

Eis que ela se esvaneceu…

Percebeu, que números são importantes,

E o sonho que vivia antes, perturbava o seu sentir.

 

Hão de vir números, passados, presentes e ausentes,

Mas em ti, em nós, edifiquei o verdadeiro Amor.

Quando vinte nove mente, novamente sinto a flor

da noite dizer: “És poeta, és canção, és mistério, és solidão…”

 

E pergunto-te qual a idade de tua alma menina?

Pois a minha é criança, é ternura e eterna dança.

“A criança que fui chora na estrada…”

Pessoa já dizia, mas calada tu corrias…

Esqueceu-se das asas que tinhas? Por que corres?

se podes voar! Ah fora amar borboletas, Poeta,

Agora conserta tua velha alma para ela…

 

Penso que o tempo há de trazer nossa cura,

quiça percebas que saudade não é nostalgia,

que números não correspondem a alma pura.

E encantamentos são como lagartinhas coloridas,

Não morrem, se encasulam no inverno,

e espreguiçadas na primavera fazem-se terno amor.

Paixão é fogo que chama, queima, fere, clama!

Mas sobreviventes, superam a dúvida dos entes,

que impotentes, não resistem ao amor.

 

O amor? sim, aquele que não chama, sussurra baixinho,

E quietinho te olha, e quando não te olhas, sentes que falta!

É carinho que esquenta, não queima, é colina mais alta

onde mar e montanha distantes se beijam.

Não fere, toca, não clama, bate a porta…

E se calam, tenta por mais dor que haja roubar risos

frescos da arvore mais alta, pois esses são os mais saborosos,

Te faz, te cuida, te zela o sono, e hora ora a Deus tu’asas brotar!

 

Parto num parto de lembrança e saudade,

E tenho o tempo como laudas em nós.

Pois minha voz, estará em ti… E mesmo tarde,

Sem alarde! Talvez, lá inda esteja, na calçada,

no cantinho, a olhar o jardim encantado, sem números,

sem dados, apenas Amor que outrora foi Paixão…

Traz teu riso de menina, traz-te moça oh solidão.

 

(Anderson Delano Ribeiro)