Somos produto de uma sociedade doente por consumo, onde aprendemos desde de cedo que é normal. Sabemos que o homem é falta, e essa insatisfação constante que nos faz caminhar, descobrir novos olhares, novos possíveis, porém em meio ao caos moderno onde ir ao mercado comprar é mais fácil que plantar, acostumamo-nos a consumir para suprir nosso vazio.
 
Uns compram desenfreadamente quando sentem-se tristes, outros poucos tentam meditar sobre mudanças, mas o mais grave dessa sociedade de consumo é o consumo do afeto. Consumimos carinho, consumimos presença, e a internet virou o grande mercado. Não plantamos mais relações afetuosas, com presença, onde há troca de olhares e sensações e ambos crescem e vêem florescer esse laço ponte.
 
Isso requer tempo, requer paciência, requer um afeto de troca não apenas de recebimento, hoje é normal não estarmos estando, irmos a um encontro físico com mais 10 pessoas conectadas em seu celular que também não estão onde fisicamente estão. Não temos tempo para simplesmente ouvir o amor ou a dor do outro, se o outro me diz estou com uma hérnia de disco que dói, eu respondo “nossa eu também estou com uma dor horrível nas costas” estamos competindo até na dor e ouvimos apenas o nosso EU.
 
E nosso EU tem FOME DE SATISFAÇÃO! Nosso EU é como um buraco sem fundo, e preenchemos com qualquer coisa, e esquecemo-nos novamente do Outro. O Afeto, o Amor tão falado nas músicas sertanejas, e que tão poucos hoje conhecem esse tal, confundindo o com a paixão. Aquele sentimento de ilusão onde o outro é perfeito! Supre todas as minhas necessidades, até que… Não mais!
 
Não conheceremos o outro profundamente nunca, aliás nem a nós mesmos, pois somos uma construção, somos SENDO, porém amor leva tempo, plantar semente, ver crescer, doar-se e receber, ouvir e ser ouvido, até o mal entendido é bem vindo, pois amor, é aceitar o outro com as virtudes que me cativam e os defeitos que eu tolero e juntos criamos raízes indeletáveis e ficamos.