Sem troca não há pontes, e sem pontes não há encontro real com o outro, estamos sem estar. Pensamos satisfações imediatas, desejamos tudo para ontem, a Internet mais rápida, o fast food, e assim por satisfação imediata, trocamos o sólido pelo líquido, as cartas tinham afeto em tempo dedicadas ao leitor em cada curva da letra, os olhos voltados para telas em conversas rápidas, há afeto ali? Há! Mas há também a necessidade de construção, e construção demora. É preciso estar realmente estando, não esperar a curva da próxima esquina, mas estar preparado para que venha e pelo que há de vir, estando não como carpe diem aproveitando o dia sem preocupação, mas aproveitando de modo autêntico, consigo e com o outro, para eu ser autêntico com alguém, necessito ser autêntico comigo mesmo. 

O que eu quero? Qual minha escolha? Esperar frutos dela ou não, mas saber que se quero frutos tenho que votar tempo, regar diariamente, podar as ervas daninhas ao redor… É preciso paciência e zelo; Citando O Pequeno Príncipe: “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”.

Temos a empatia, de nos ver no outro, ver nossas virtudes e estreitar os laços, e quando surge uma contrariedade e não nos reconhecemos no outro vem uma momentânea apatia, mas que se pensarmos o outro como Ser, entendemos que temos nossas diferenças, porém mesmo jamais o conhecendo totalmente, eu quero estar aqui, neste encontro, temos a ponte que trafegamos e a troca dessa construção é algo muito valioso.

O outro que não é um objeto deletável ou bloqueável simplesmente como o Facebook nos ensinou a pensar, o outro que não é objeto de nossa satisfação por afeto, por prazer, por qualquer uso, mas alguém com quem fazemos trocas nessa construção.

Que torna-se hoje, em meio a liquidez, um cubo de gelo rodeado de água em um copo. Um cubo de gelo que não derrete, e não sucumbe a água instável ao toque. Não é muito usual comparar gelo a afeto. Mas em se tratando de dias líquidos a espera de solidificar o afeto é a construção de uma autenticidade de duas vias, consigo e com o outro que perdurará criando elos firmes nessa corrente de laços e deslaços da Vida.